Em reinterrogatório prestado na tarde desta quarta-feira (17) à 11ª Vara Criminal de Cuiabá, o cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correia Ferreira Junior, afirmou que a deputada Janaina Riva (MDB) já havia sido interceptada ilegalmente, a pedido do Ministério Público, nas investigações da Operação Metástase.

Segundo o depoimento, em 10 de março de 2015, foi instalado um procedimento de investigação criminal para apurar possível organização criminosa na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, mais precisamento no gabinete do então presidente José Riva.

Gerson disse que o promotor Marco Aurélio, que comandava o Gaeco no período, determinou a inclusão de telefones da família Riva, que teve os dados cadastrais inseridos antes mesmo da instauração da portaria.

O cabo cita que Janaina Riva teve três telefones grampeados e mostrou uma planilha com os números. “Para legitimar fraudulentamente esses dados, foi expedida posteriormente a ordem de serviço”.

Na ordem de serviço, segundo Gerson não consta como objeto a família de Riva, somente o ex-deputado José Riva, ou seja, toda a família do ex-deputado teria sido grampeada ilegalmente e no relatório de informação não constavam os áudios dos filhos de Riva e nem de sua esposa, Janete Riva, também grampeada de forma irregular.

“Diante da deflagração da Operação Metástase, o promotor Marco Aurélio afirma que precisa fazer o acompanhamento da deputada. Este agente [Gerson] sugeriu ao promotor Marco Aurélio, então chefe do Gaeco, que seria possível. Contudo, a interceptação foi feita pela Polícia Militar”. O número interceptado foi com inicial 8144-XXXX.

Gerson diz que demonstrava lealdade e que era comum os promotores do Gaeco chamá-lo aos gabinetes. Disse que participou do núcleo de inteligência da maioria das operações.

Suellen Pessetto/O Livre

O cabo afirma que Janaina foi gravada porque manteve a maioria dos funcionários de gabinete de seu pai. O Ministério Público precisava de evidências para deflagrar a Operação Metástase e tinha intenção de encontrar fatos contra a própria deputada.

Janaina voltou a ser alvo do Gaeco, com um segundo número celular, através do número 8165-XXXX. Isso porque o motorista da deputada constava como foragido da operação Metástase. O Marco Aurélio levou a informação para Gerson e afirmou que conseguiriam encontrá-lo interceptando os números da deputada. Segundo Gerson, Janaina foi alvo de grampos na PM e dentro do Gaeco, durante e pós-operação Metástase.

Outro lado

Mais cedo LIVRE ouviu a deputada Janaina Riva sobre as revelações. A parlamentar é uma das entusiastas da abertura de uma CPI para apurar os grampos ilegais em Mato Grosso e falou da necessidade de haver uma investigação sobre os membros do Ministério Público.

Na próxima semana o chefe do MPE, José Antonio Borges, deve ir à ALMT prestar esclarecimento sobre o uso dos grampos pelo Ministério Público.

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