Mato Grosso

Promotor suspeitou que Janaina mantivesse esquemas do pai, diz cabo

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Promotor suspeitou que Janaina mantivesse esquemas do pai, diz cabo
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

O promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro, do Ministério Público de Mato Grosso (MPE), teria suspeitado que a deputada estadual Janaina Riva (MDB) continuava a operar os esquemas fraudulentos pelos quais seu pai, o ex-deputado José Geraldo Riva, era acusado, no âmbito da Operação Metástase. Esse teria sido o argumento para a inclusão do nome dela em uma lista de telefones grampeados em Mato Grosso.

A informação foi repassada por escrito ao procurador de Justiça Domingos Sávio de Barros Arruda, coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originárias (Naco Criminal), pelo cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Correia Junior, em uma tentativa malsucedida de delação premiada.

Gerson é réu em ação penal da Grampolândia Pantaneira – como ficou conhecido o esquema de escutas ilegais em Mato Grosso-  e deve prestar novo depoimento à Justiça nesta semana. Sua tentativa de delação foi negada pelo MPE, sob a alegação de falta de provas e controvérsias nos depoimentos.

Ao MPE, Gerson revelou que, em agosto de 2015, teria sido chamado ao gabinete do promotor Marco Aurélio, onde o representante do Ministério Público informou ser necessário fazer a interceptação telefônica da deputada. Ele suspeitava, segundo o PM, que a parlamentar continuava com esquemas de pagamento de propina dentro do gabinete, uma vez que muitos dos funcionários de seu pai foram mantidos na nova equipe.

O cabo teria sugerido que o grampo acontecesse por meio do Núcleo de Inteligência da Polícia Militar, sendo que o promotor concordou. Depois, com autorização dos coronéis Evandro Lesco e Zaqueu Barbosa, inseriu o número de Janaina em uma lista de investigados. A relação tramitava na Comarca de Cáceres (225 km de Cuiabá). Foi quando a parlamentar passou a ter o codinome “Janair” e foi considerada “um traficante de drogas”.

Em seu despacho, assinado no dia 5 de julho, o procurador Domingos Sávio destaca que a informação da extensão das investigações da Operação Metástase seria o único fato “novo” que poderia conceder ao militar o benefício da delação.

Contudo, ele afirma que Gerson “não trouxe a este procedimento elemento probatório material algum a respeito da imputação lançada contra o Dr. Marco Aurélio de Castro, bem a verdade, o que se tem, apenas, é a mera palavra do requerente”.

Domingos Sávio também destacou que, em ocasião anterior, quando foi interrogado no inquérito policial que deu origem ao processo penal no qual é réu, Gerson alegou que a deputada teria sido incluída por simples erro de DDD.

O procurador ainda frisou que os coronéis Zaqueu e Lesco, quando também interrogados, negaram ter conhecimento de que a deputada teria sido grampeada, contradizendo a declaração de Gerson de que ambos teriam dado autorização para a atividade ilícita.

Depois, Gerson, quando interrogado pela Justiça, em julho de 2018, negou que houvesse participação de membros do Ministério Público ou Poder Judiciário no esquema ilegal. Na mesma ocasião, ele ainda imputou ao ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, o posto de idealizador e financiador do esquema de grampos ilegais.

Diante das inconstâncias, Domingos Sávio questionou se Gerson teria trazido à tona o nome do promotor Marco Aurélio porque antes tinha medo ou se seria esta sua “última e desesperadora cartada” antes do julgamento, previsto para agosto. Por isso o pedido de delação premiada foi negado.

Outro lado

O LIVRE procurou a deputada Janaina Riva, que informou, por meio da assessoria, que não vai se manifestar. Ela aguarda o desenrolar das investigações do Ministério Público.

A reportagem não conseguiu contato com o promotor Marco Aurélio para comentar as alegações.

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