O julgamento de Celzair Ferreira de Santana, marcado para acontecer nesta quinta-feira (30), foi adiado, após o réu apresentar um atestado de internação em São Paulo. Essa é a quarta vez que que o júri popular, que desta vez aconteceria em Cuiabá, é adiado. O produtor rural é acusado de matar atropelados os irmãos Katherine Louise Bittencourt, 19, e Diego Guimarães Bittencourt, de 14, em Poconé (104 km de Cuiabá), no ano de 2007.
A mãe dos jovens, Rosineia Guimarães realizou uma manifestação discreta na porta do Fórum de Cuiabá, no horário que antecederia o julgamento. Com banners e faixas, a advogada pedia por Justiça pelos filhos.
O casal de irmãos foi atropelado próximo à casa onde morava. Os dois estavam parados em uma motocicleta após voltarem de um almoço com o pai. De acordo com a Promotoria, Celzair estaria embriagado e dirigindo em alta velocidade e, segundo a denúncia, no momento da colisão com Katherine e Diego, o veículo estaria a 134 km/h.
Após o atropelamento, o motorista continuou dirigindo e a caminhonete só parou depois que atingiu um poste de iluminação pública.
O adiamento
Segundo um documento anexado ao processo na segunda-feira (27), no início da noite, Celzair estaria internado em São Paulo. Nesta quarta-feira (29), o juiz Flávio Miraglia Fernandes determinou que o Hospital Sírio Libanês informe ao juízo qual a previsão de alta hospitalar do paciente. O prazo para o fornecimento dessa informação é de 24 horas.
O magistrado determinou ainda que seja realizada uma perícia médica para avaliar o quadro médico de Celzair. A Justiça aguarda a apresentação dos documentos para indicar uma nova data para o júri popular.
15 anos de espera
Já são 15 anos de espera por Justiça e, mais uma vez, Rosineia se vê frustrada com o adiamento do julgamento. “Não dá para conformar com uma Justiça tão injusta”, diz indignada. Para expressar o descontentamento, a mãe de Katherine e Diego fez uma manifestação com faixas e banners, em frente ao Fórum da Capital.
“Essa é uma forma dele fugir da Justiça. É revoltante lutar por Justiça e, chega no momento de acontecer o julgamento, recebemos essa notícia. É frustrante, deixa a gente sem chão, será que não existe Justiça? Será que podem fazer tudo isso e ficar por isso mesmo?” questiona. “Eu, como mãe, já não sei mais o que fazer para buscar essa Justiça, mas acredito que ela se fará, mas é preciso mais responsabilidade de todos”, diz.
A Associação das Famílias Vítimas de Violência do Estado de Mato Grosso (AFVV) acompanha o caso desde o princípio e definiu o adiamento como revoltante.
“Se é para nós da Associação, imagine para os familiares que esperam há tantos anos”, pontua Silvia Papi, representante da AFVV. “Acredito na Justiça, e também na lei, para que não seja mais um número na injustiça. A Justiça será feita”, anseia.
Mais mobilização
Rosineia aproveitou a oportunidade para pedir uma maior conscientização e também uma mobilização. A advogada acredita que, com o apoio da sociedade, a Justiça pode ser feita de maneira mais rápida nos casos dos crimes de trânsito.
“Se todas as mães e pais se sensibilizassem com isso e pudessem se juntar para buscar essa Justiça, conseguiríamos com mais rapidez. Não só por Katherine e Diego, mas por todos que morrem todo os dias, “, comenta.