Política

O que tem atraído os jovens a votar antes da idade obrigatória?

Balanço do TRE-MT diz que em 4 anos 34% da população entre 16 e 17 anos tiraram título em Mato Grosso

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O que tem atraído os jovens a votar antes da idade obrigatória?

As eleições municipais deste ano vão ter um número considerável de novos eleitores, tanto por ser a primeira vez que irão votar quanto pela idade deles. Balanço parcial do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) calcula que quase 25 mil eleitores entre 16 e 17 anos já se inscrevam para votar em outubro. 

É quase o dobro dos novos eleitores que se inscreveram para a eleição de 2020, na mesma faixa etária. A entrada desse pessoal na vida política, antes da idade obrigatória, pode parecer promissora. Mas qual é a relação desses jovens com a política, além do voto? 

Herança, paixão e competição 

O cientista político João Edisom diz que não há elemento novo no cenário. Os jovens eleitores são uma mistura inflamável de paixão por uma figura política, e a conexão à internet e às fake news.  

“São torcidas de futebol. Quando um time está em evidência, o número de torcedores aumenta, algo comum. Na política tem ocorrido a mesma coisa, seja com candidato da esquerda ou da direita. O que está movendo esse pessoal é a paixão, o amor e o ódio. Não existe consciência política”, comenta. 

O cientista diz que esse é o traço comum da média dos brasileiros, mais para apolítico do que para um cidadão politizado, no bom sentido do termo. O crescimento no número de jovens eleitores não está desconexo. 

Os sentimentos que os influenciam podem ser rastreados desde 2013. A época da caminhada de junho tinha a tensão de rejeição ao governo de Dilma Rousseff (PT), que teve o segundo mandato cassado antes da metade. A contrariedade que começou a aflorar permaneceu contida até 2018. 

A eleição presidencial trouxe Jair Bolsonaro aos holofotes e junto a explosão da direita que estava adormecida. Bolsonaro não se reelegeu em 2022, mas o sentimento de oposição à esquerda e a Lula tem vida mais longa. O eleitor juvenil está influenciado por esse desenrolar de fatos. 

Internet 

A característica mais próxima aos jovens é o acesso às redes sociais e o poder que elas dão de espalhar informações para milhares de pessoas numa rápida velocidade. Mas a internet traz junto as informações falsas (fake news), e ela, associada à imaturidade política e à paixão, aumenta a combustão. 

“A fonte principal de informação desses novos eleitores são as fake news. Nós teremos pós-doutores em nazismo, fascismo, especialistas em comunismo que nem sabem o que é comum. Tudo está sendo fomentado pela competição entre Lula e Bolsonaro”, afirma João Edisom. 

Voto 

O voto é obrigatório no Brasil a partir dos 18 anos de idade. Mas a legislação eleitoral considera adequado o voto a partir dos 16 anos, idade em que os brasileiros podem entrar na vida eleitoral voluntariamente. Sendo que aos 15 anos já é possível fazer o primeiro título e votar, caso complete 16 anos até a data da eleição.

O balanço do TRE-MT, que pode ter atualização até maio, diz que 24.779 adolescentes de 16 e 17 anos já tiraram o título eleitoral para votar neste ano em Mato Grosso. O público de novos eleitores cresceu 85,7% na comparação a 2020, ano da última eleição municipal. 

Se comparado com a população geral com idade de 16 ou 17, quase 35% entraram voluntariamente na vida política em 4 anos. Para o cientista João Edisom, não haverá muita novidade na escolha de candidato. 

“Eles não votam em conjunto, até porque não tem consciência política, não sabem exatamente por que estão entrando na vida política. O voto deles deve ser espalhado, alguns vão votar por influência dos pais ou porque vão receber algum dinheiro mesmo”, afirmou. 

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