O tenente-coronel Marcos Paccola será interrogado sobre a morte do agente do socioeducativo Alexandre Miyagawa, na próxima audiência de instrução processual, que será realizada em 25 de novembro. A remarcação foi necessária para o comparecimento de outras testemunhas de defesa do réu.
Nessa segunda-feira (31), aconteceu, em Cuiabá, a primeira audiência de instrução do caso. Na ocasião, ja foi ouvida a primeira testemunha de defesa de Paccola, o músico Odenir de Arruda. O rapaz relatou que no dia do crime, viu Janaina de Sá, namorada de Alexandre, muito alterada, brigando com todas as pessoas da rua enquanto o homem tentava apaziguar a situação.
O homem afirmou que a mulher pediu para o companheiro pegar a arma e atirar em todo mundo, antes de Paccola disparar contra o agente do socioeducativo.
Outras sete testemunhas de acusação também foram ouvidas nessa segunda-feira, dentre elas, a própria Janaina.
Em seu depoimento, a mulher reforçou que não viu o namorado sacando a arma e negou que estivesse em perigo, como Paccola sustenta em sua versão. Outra negativa da empresária é que não teria pedido ao namorado para pegar a pistola e ameaçar as pessoas no local.
O, agora, ex-vereador e militar da reserva matou com três tiros o agente socioeducativo do Complexo Pomeri Alexandre Miyagawa no dia 1º de julho. O fato aconteceu no Bairro Quilombo, em Cuiabá.
Outras versões
Já as demais testemunhas falaram o contrário de Janaina e afirmaram que a mulher pediu ao namorado para pegar, sim, a arma. O que varia nas versões é o número de vezes que Paccola teria pedido para Alexandre largar a pistola.
De acordo com Francisco Jucenilson da Silva Sousa, proprietário da distribuidora próximo a onde aconteceu o crime, disse que Janaina estava insultando as pessoas que estavam na distribuidora enquanto Alexandre vinha atrás pedindo desculpas.
“Eu estava voltando para o estabelecimento e ele (Paccola) perguntou para mim o que estava acontecendo. Eu disse que era confusão de trânsito”, relatou.
Francisco afirmou que Paccola gritou “abaixa a arma” uma vez e atirou. Já Mariana da Silva Pin, outra testemunha, disse que o ex-vereador pediu por duas vezes que Alexandre abaixasse a arma. Já Wariston Costa Paes Barreto afirmou que foram três vezes.
Para o ex-assessor parlamentar de Paccola, Wesley Diego da Silva Ferreira, Janaina estava em risco. Em seu depoimento, a testemunha afirmou que viu Alexandre fazer um movimento que dava a atender que atiraria contra Janaina, que estava de costas.
“Ela (Janaina) falou que era para ele pegar a arma e atirar em todo mundo”, contou também Mariana. “Depois, ela gritou e perguntou ao Paccola porque ele tinha feito aquilo. Ele respondeu ‘Eu estava te protegendo’, e Janaina respondeu ‘mas ele não iria atirar em mim”, relatou.
Compromisso político
O delegado Hércules Batista Gonçalves, responsável pela investigação do caso, reafirmou a tese de que Paccola naquele momento não era um militar ou militar da reserva (aposentado).
“Ele tinha um compromisso político, estava na condição de vereador e não coronel”, afirmou. “Ele não observou o procedimento padrão, deveria se abrigar, determinar que ele (Alexandre) colocasse a arma no chão e se houvesse o disparo contra ele (Paccola) aí sim, atiraria”, relatou.
Para o delegado, o militar da reserva empregou um recurso que impossibilitou a defesa da vítima, a qual, na avaliação de Hércules, sequer soube de onde vieram os disparos.
“A pistola nove milímetros é importada e tem capacidade para 18 disparos”, pontuou o delegado que indicou que a arma foi entregue com 13 munições. Na avaliação do delegado, Paccola teria disparado cinco vezes e três disparos acertaram a vítima.