A disputa eleitoral ainda não começou, mas possíveis candidatos a cargos de alto escalão se movimentam para atrair votos dos empresários e trabalhadores ligados ao agronegócio, bem como do Nortão como um todo. Desde o início de 2018, o governador Pedro Taques (PSDB) tem distribuído o cartão pró-famílias em mais de 10 cidades na região, entre elas, Sinop e Sorriso. Nesta sexta-feira, 13, é a vez de Nova Mutum. A iniciativa é vista como uma tentativa de aproximação da população da região.
O deputado federal Nilson leitão (PSDB), que já foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nesta quinta-feira, 12, protocolou projeto criminalizando a invasão de terras e definindo prazo para o cumprimento de decisão judicial de manutenção ou reintegração de posse. Além disso, o projeto permite que o dono de propriedade invadida acione as autoridades policiais para ajudá-lo a defender a sua terra.
A iniciativa do deputado atende demandas de grandes produtores e, agora, tenta garantir seu espaço na disputa ao Senado, mas sofre com a dura concorrência que se formou após a desistência do ministro Blairo Maggi.
O ex-vice-governador Carlos Fávaro entregou convênios a prefeituras do Norte do estado para levar internet às regiões mais afastadas. Em sua fala, o vice-governador, que intermediou as ações para Mato Grosso junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), destacou que a “internet das coisas” fará uma revolução muito maior do que fez a energia elétrica, e que é fundamental para o desenvolvimento mundial.
Fávaro também ressaltou que Mato Grosso é um exemplo em tecnologia e que tem na agropecuária a força da sua economia, mas que vive um “apagão” por falta de internet.
Na mesma toada, o deputado federal Wellington Fagundes (PR) também passou a ser presente nos eventos da região e foi exaltado pela prefeita de Sinop Rosana Martinelli como o próximo governador do Estado, durante evento que anunciou investimentos realizados pela gestora.
Já na capital do agronegócio, o ex-prefeito de Sorriso (398 Km de Cuiabá) Dilceu Rossato (PSL) já declarou sua intenção de concorrer a vaga ao governo do Estado. Rossato é um dos homens mais ricos do agronegócio mato-grossense.
Segundo o cientista político João Edisom de Souza, a briga pelo apoio do Nortão faz todo sentido.
“Quem vencer na região Norte estará eleito com folga. Isso porque existe uma divisão sociopolítica muito grande em Rondonópolis e Cuiabá, que são duas regiões muito fortes. O Araguaia tem pouco impacto”, explicou.
O pleito em 2018 será realizado no dia 7 de outubro. No caso de 2º turno, será realizado no dia 28 do mesmo mês. Vale lembrar que as datas podem ser alteradas com a divulgação oficial do calendário eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O especialista explica que este movimento acontece porque nesta região o fator determinante da vitória ainda vem das forças produtivas, mantendo uma política cristalizada. “Os nomes de reflexos nacional e estadual acabam passando sempre pelos mesmos nichos, vamos continuar ouvindo as mesmas vozes. Isso acontece porque os candidatos não são determinados pela população, mas sim pela força econômica”, destacou.
O cientista ainda ressalta que a legislação eleitoral não favorece a troca de nomes, “mexeram na legislação, inclusive, para ter a manutenção dos caciques”.
Sobre as mudanças na população, após eventos políticos envolvendo prisões como a operação Lava Jato, entre outras, o cientista ainda é muito descrente sobre o grande impacto nestas eleições. “Esse impacto vem na micro eleição, porque ela acontece mais de maneira emocional, com o contato do eleitor com o candidato. Já na macro eleição, como isso não é possível, não temos tanto impacto. Isso não muda porque não tivemos uma cultura de mudança, a nossa população ainda é corrupta, ainda opta por furar a fila. Então, não tem como acontecer uma mudança profunda na política sem que isso esteja diretamente refletido na nossa sociedade”, explicou.
