Nem mesmo o clima chuvoso foi suficiente. De janeiro a junho, o Pantanal mato-grossense sofreu com, pelo menos, 548 focos de queimadas. Um aumento de 530% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando somente 87 foram registrados.
E se nem a chuva deu conta, o alerta está mais que vermelho para as autoridades responsáveis com a chegada da seca em todo o Estado.
Os dados são do Instituto Centro de Vida (ICV) e foram captados través de uma ferramenta interativa criada para o monitoramento dos focos de calor no período proibitivo.
Entre os motivos está um período de chuvas mais seco que o normal. De acordo o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), o volume ficou 50% abaixo do esperado para janeiro e maio no Pantanal.
E o Pantanal não foi o único bioma afetado. Nos seis primeiros meses deste ano, a Amazônia liderou o número de queimadas. Quase 61% dos focos foram registrados lá. Em seguida parece o Cerrado, com 30,95%, e depois o Pantanal, com 8,12%.
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Em todo Mato Grosso, de janeiro a junho de deste ano, foram registrados 6.747 focos de calor. Quase 300 a mais do que na mesma época de 2019.
“O período seguiu o mesmo ritmo alarmante do ano passado, com um pequeno aumento, e as áreas queimadas no Pantanal contribuíram para isso”, avalia Vinícius Silgueiro, engenheiro florestal e coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV.
Aumento mesmo com proibição
Outra constatação dos pesquisadores é que a decisão do governador Mauro Mendes (DEM) em antecipar o período proibitivo de queimadas não surtiu efeito.
A data foi antecipada para o dia 1º de julho e segue até 30 de setembro. A ideia era diminuir a fumaça para evitar que ainda mais pessoas sofressem com problemas respiratórios, uma vez que a pandemia da covid-19 já tem feito isso.
A plataforma do ICV apontou, entretanto, que não adiantou. Houve aumento no registros de foco de calor.
A instituição afirma que o número cresceu 12% em comparação com os 15 primeiros dias de julho de 2019, quando o uso do fogo estava liberado. Foram 754 focos de calor registrados este ano.
Desse número, 393 queimadas ocorreram em imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Outros 188 estavam dentro de terras indígenas.
As cidades mato-grossenses que comandam a lista são Cáceres, Nova Maringá, Tangará da Serra e Luciara.
A ferramenta do ICV será atualizada quinzenalmente até o fim do período proibitivo. Ela utiliza dados do satélite de referência disponibilizados pelo Inpe.
(Com Assessoria)