Principal

Deputado ataca médico que chorou por problemas em hospital

4 minutos de leitura
Deputado ataca médico que chorou por problemas em hospital

YouTube video

O deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) atacou o médico Roberto Yoshida, ex-diretor técnico do Hospital Regional de Sorriso, nesta quarta-feira, 24, na tribuna da Assembleia Legislativa. Ao defender o governo estadual e a Secretaria de Estado de Saúde, o parlamentar chamou o médico de “mentiroso”. O caos causado pela falta de materiais básicos e até alimentação foi descrito por Yoshida em entrevista emocionada que gerou repercussão.

“O choro dele… a hora que a televisão vai, ele para de chorar”, afirmou Fabris. Segundo o deputado, Yoshida chorou para comover as pessoas. Ele ainda tachou o médico de mentiroso, dizendo que ele afirmou ter sido demitido. “Este malandro deste médico de Sorriso não foi demitido, não. Aquele choro de traíra dele. Ele não recebeu o salário porque ele não tinha certidão para receber”, disse Fabris.

“Aquele choro de traíra dele. Ele não recebeu o salário porque ele não tinha certidão para receber”

“Sorriso é uma cidade pujante que, com certeza, jamais deixaria algum cidadão passar fome, ainda mais um hospital. Aquilo é para criar uma notícia nacional. Eu não conheço a realidade do hospital, mas, vindo de um mentiroso como ele, deve ter excesso. Provavelmente tem deficiências, mas não como ele falou”, continuou o deputado.

O parlamentar ainda fez a defesa do secretário de Saúde de Mato Grosso, Luiz Soares. “Nós temos o melhor secretário de Saúde. Pode pôr ele de ministro da Saúde, que Luizinho dá conta. Luiz Soares é o que tem de bom”, disse. Fabris acredita que é apenas uma questão de tempo para Soares colocar ordem na pasta, pois assumiu a secretaria em março. “Ele chegou lá ontem, e vai dar conta do recado. Se ver que não vai ter apoio, ele vai entregar o cargo”, disse. 

Reação
Ao LIVRE, Roberto Yoshida rebateu as declarações de Gilmar Fabris e negou que tenha dito que foi demitido. “Em momento algum alguém me ameaçou de demissão”, afirmou. “E eu nunca disse isso. Eu entreguei meu cargo de diretor porque entendo que a direção é um conjunto e, se a doutora Ligia saiu, eu tenho que colocar meu cargo à disposição também”, disse.

Ele afirmou, ainda, que seu relato e a emoção na entrevista foram verdadeiros. “O deputado não tem noção do que está falando. O município é rico, sim, mas nenhum município tem condições de bancar um hospital desse porte”, disse. “Os medicamentos estão acabando e os alimentos também porque o mercado não tem condições de fornecer com uma conta de R$ 70 mil atrasada. Mas agora a população está doando”, relatou.

“Os medicamentos e alimentos estão acabando porque o mercado não tem condições de fornecer com uma conta de R$ 70 mil atrasada”

O médico explicou, ainda, que trabalha como concursado e como prestador de serviços no hospital. Segundo ele, seu salário como servidor está em dia, porém, os pagamentos pelos plantões, via empresa terceirizada, estão atrasados desde fevereiro. Ele é sócio da empresa junto com outros sete médicos que também trabalham no hospital. Assim como essa, outras empresas que prestam serviços especializados estão sem receber.

“Os médicos não param de trabalhar por esse motivo. Já ficamos seis meses sem receber. E é mentira dele que estou sem certidões, pois estou totalmente em dia. Mas, de fato, alguns fornecedores não conseguem pagar seus impostos e ficaram negativados, justamente porque não estão recebendo do hospital”, alegou. 

O assunto gerou comoção na Assembleia Legislativa na terça e quarta-feira, 23 e 24, e levou a oposição a trancar a pauta de votações. Durante a sessão de ontem, alguns deputados se exaltaram, principalmente Mauro Savi (PSB) e José Domingos Fraga (PSD).

Desagravo
A presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Mato Grosso, Fátima de Carvalho Ferreira, informou que o CRM deve realizar um ato de desagravo em favor de toda a equipe do hospital. Ela confirmou a situação caótica descrita por Yoshida. “Em reunião no dia 5 de maio, com a presença do Ministério Público e outros diretores de hospitais regionais, ele já havia relatado toda essa situação”, disse.

YouTube video

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes