A pandemia de coronavírus fez com que o governo de Mato Grosso adotasse uma estratégia: suspender todas as cirurgias eletivas – aquelas que “podem esperar” – e, assim, ter leitos disponíveis para pacientes graves da covid-19. A consequência é que pessoas com outros problemas de saúde, até então, considerados simples têm ido parar na fila da urgência.
Desde março, as cirurgias foram desmarcadas. Uma medida que, na avaliação do médico Marcelo Sandrin, diretor do Hospital Santa Helena, localizado em Cuiabá, é extrema, mas necessária.
“Não podemos chamar de boa para a população que já estava na fila, mas é bom que tenhamos os leitos vagos. Esperamos que não sejam ocupados. De qualquer forma, é necessário desse número excedente”, afirma.
Os procedimentos que foram suspensos precisarão ser reagendados e uma nova fila parar atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) será formada. A expectativa de Sandrin é que somente em agosto o reagendamento comece a ser pensando.
Atendimento
A preocupação é que muitos dos casos estão virando urgência e emergência.
Recentemente, uma paciente diagnosticada com cálculo na vesícula foi operada às pressas. Ela aguardava na fila, voltou a ter crise e, segundo o médico, não conseguia sequer fazer a ingestão de remédios.
“Casos como, por exemplo, uma hérnia, um cisto de ovário podem se romper e virar um caso de urgência. É triste para o paciente que está esperando há 6 ou 7 meses. É uma medida de planejamento extrema, mas necessária também”, afirma o médico.
O atendimentos aos pacientes que não estão com covid-19 é feito nos hospitais filantrópicos. O Santa Helena é um exemplo. Na unidade, segundo Sandrin, atualmente a taxa de ocupação está na casa dos 110%.
Fila do SUS
Em novembro de 2019, mais de 315 mil pacientes aguardavam na fila do SUS para procedimentos “eletivos” de saúde, segundo a Central de Regulação de Mato Grosso e à Central de Regulação de Cuiabá.
Os dados foram apresentados pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT).
Segundo o levantamento, são 4,8 mil pacientes aguardando por cirurgia ortopédica. E a fila de cirurgia pediátrica tinha 1,9 mil crianças. Já na espera por cirurgia geral eram 7,5 mil pessoas.