Mato Grosso

Riva usou fakes e robôs para bater Taques nas eleições de 2014

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Riva usou fakes e robôs para bater Taques nas eleições de 2014

Em pelo menos um quesito José Riva pode se considerar pioneiro em Mato Grosso: no uso de robôs e perfis falsos nas redes sociais. O LIVRE apurou que o então candidato, conhecido nacionalmente como maior ficha suja do país, incluiu em sua estratégia de marketing o uso estruturado deste tipo de ferramenta para atacar Pedro Taques, seu principal adversário nas eleições de 2014.

Naquela época, Taques, Riva e Lúdio Cabral despontavam como os principais nomes na corrida eleitoral para ocupar o Palácio Paiaguás. Riva, até então deputado estadual, esteve à frente da campanha até setembro de 2014, quando foi substituído pela sua esposa, Janete Riva, por conta de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela impugnação da candidatura. Mas o parlamentar não saiu da liderança e ficou responsável pela coordenação da campanha.

Relativamente pouco aproveitado em Mato Grosso, o recurso virtual era utilizado a nível nacional. A estratégia, foi usada tanto por Dilma quanto por Aécio. Um analista do setor, que conversou com o LIVRE sob a condição de anonimato, lembrou que os robôs e perfis falsos contratados por Riva surgiram com relativa frequência, o que chamou sua atenção, e motivou uma investigação solitária, cujos resultados estão aqui apresentados.

Chuva de likes e acusações

Em 2014 a página de Pedro Taques, que era o candidato com maior envolvimento no Facebook, tinha 45 mil curtidas. Em poucos dias a página de José Riva saltou de 14 mil para cerca de 114 mil seguidores. “Aquilo era perfumaria pura”, reflete o analista.

Neste caso, o serviço foi realizado pelos robôs. “O perfil falso interage e o robô só compartilha notícia e curte, eventualmente publica algo, mas é algo que se você fazer uma busca reversa vai descobrir que outros cem perfis escreveram o mesmo”, explica.

Os perfis falsos, administrados por pessoas reais, se proliferaram principalmente no Twitter, onde é mais fácil a criação de uma conta sem autenticidade.  Na plataforma, os perfis acusavam Taques de realizar uma “campanha milionária” e ligavam a figura do então senador ao ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Otaviano Pivetta.

“Era fácil identificar, porque eu entrava no perfil e via que a primeira página que o perfil curtia era a página do adversário de quem ele atacava”, relembra. “Às vezes tinha uma frase do tipo ‘Taques é amigo de Pivetta, que é bandido’, eu fazia uma busca e descobria que tinha 300 frases iguais”, continua ele.

Efetividade das denúncias

Na opinião do analista, denunciar perfis falsos para Facebook ou Twitter é uma ação pouca efetiva, uma vez que as duas empresas não conseguem derrubar as contas em tempo hábil ou até deixam de identificá-las. “Não é só uma questão de derrubar, é preciso educar as pessoas para quando lerem aquele conteúdo desconfiarem”, pontua.

Para o diretor administrativo do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), Nilson Bezerra, de nada adianta o juiz tomar a decisão se ela não for cumprida em tempo hábil. “O que nós precisamos ver no próximo ano é acelerar a derrubada destes perfis”, reflete.

“Nós acreditamos que em 2014 tenha tido robôs e perfis falsos sim, mas não foi de forma massiva, não chegou a ter poder de influenciar as eleições”, admite. Apesar disso, Nilson explica que o TRE-MT precisa ser provocado, e receber denúncias do tipo para apreciar.

Opção barata e fácil

De acordo com o analista ouvido pelo LIVRE, a possibilidade é de que Riva tenha apostado nos robôs e falsos perfis por conta da ausência de figuras influenciadoras em sua campanha. “O Taques tinha a [Adriana] Vandoni, o Lúdio tinha uma série de vereadores e deputados, mas o Riva precisava de alguém que fizesse um post compartilhado bombar, e ele não tinha”, explica.

O custo efetivamente barato do recurso também foi um atrativo. Atualmente, é possível contratar empresas especializadas na China e na Rússia que oferecem até 100 robôs por algo em torno de R$ 1500 reais. “Eles já têm as contas, e possuem um sistema que fazem todos os robôs publicarem o mesmo post”.

Segundo informou, faz parte do modus operandi destas empresas reutilizarem as contas. No Twiiter em específico, rede social com a maior presença dos robôs de Riva, muitos ‘militantes virtuais’ desapareceram após a derrota nas urnas.

“Eu me lembro de um usuário específico, chamado @oculospreto87… Tentei  cadastrar um perfil com o mesmo nome e não dava porque dizia que já existia. Só que quando eu fazia a busca não aparecia nada, ou seja, eles mantiveram o perfil e mudaram o nome”, conclui.

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