Ex-atleta olímpico e professor, Vicente Lenilson diz que entre suas atribuições está o plantio de sonhos. Ele trabalha em um projeto social com objetivo de identificar novos talentos e formar cidadãos por meio do atletismo.
“Quando eu era criança e estava começando a treinar, tive que escolher entre o crime e o esporte. Nessa hora, um professor plantou em mim o sonho de ser um atleta olímpico e quero fazer o mesmo”.
Agora, Lenilson segue semeando e, mesmo com as dificuldades, não desiste dos alunos. Na rotina de treinos, ensina mais que exercício: tenta transformar vidas mostrando a importância da disciplina, determinação e valores.
Trajetória do mestre
Lenilson nasceu em Currais Novos, no Rio Grande do Norte. Conheceu o atletismo na escola e demorou muito até conseguir os primeiros incentivos.
Passou fome porque a família era muito pobre e as dificuldades foram incontáveis até conseguir chegar no ápice da sua carreira, quando conquistou um pódio nas Olimpíadas de Sidney.
Na ocasião, recebeu a medalha de prata no revezamento 4 X 100 e ganhou o apelido de “pequeno gigante”, pelo seus 1,66 m de altura.
Um justo reconhecimento para quem já carregava uma série de resultados impressionantes como o record brasileiro dos 100 metros rasos.
Quando a vocação se transformou
Com o tempo, o atleta percebeu que era preciso mais tempo para recuperação entre treinos e as lesões tornaram-se constantes. Nesse momento, o professor passou a repensar o futuro da sua carreira.
“Eu e minha esposa somos atletas e resolvemos trabalhar com o projeto. Começamos em Presidente Prudente, depois passamos para Bragança Paulista, até que nos instalamos em Cuiabá”.
Hoje, ele tem o apoio da Unimed Cuiabá, Energisa, Colégio Fato, Secretária de Estado de Cultura, Esportes e Lazer (Secel) e do Exército Brasileiro.
As crianças treinam na pista do 9º Bec e têm atendimento médico e odontológico.
“Aqui, eles estão seguros. Um espaço adequado e com estrutura. Eles chegam aqui às 14h e saem às 17h, depois do jantar”.
“Eu estimo que 15% das crianças que treinam conosco têm perfil olímpico e pretendemos mostrar a eles que com disciplina é possível”.
Além de atuar no projeto, que faz parte do Instituto Vicente Lenilson e não tem fins lucrativos, o professor atua como coordenador de esportes de alto rendimento no governo do Estado.