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Mundial inspirou romances e resultou até em casamento

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Mundial inspirou romances e resultou até em casamento

Ednilson Aguiar/Secom MT

Copa do Mundo em Cuiabá

Torcedor assistindo a partida de futebol na Arena Pantanal, em Cuiabá

É certo que os problemas causados no trânsito de Cuiabá, as denúncias de fraudes com dinheiro público destinado às obras de mobilidade e a inexistência de algumas delas até hoje são a marca do Mundial de Futebol da Fifa de 2014 para muitos na capital mato-grossense. Porém, em vários pontos do mundo, inclusive em Cuiabá, tem gente que só tem boas lembranças e motivos para celebrar o fato de a cidade ter sediado quatro jogos da Copa. Entre uma partida e outra, nasceram amizades duradouras, romances começaram e até casamentos aconteceram.

O casal Celeste Lustosa Inglis, de 38 anos, e Paul Inglis, de 44, – ela, uma jornalista de Barra do Garças (MT), ele, líder sindical australiano – estão juntos desde 2009 e vivem em Adelaide, Austrália. No país dele, realizaram uma cerimônia de casamento em 2013, porém, como nenhum familiar dela pôde comparecer, decidiram que se casariam novamente no Brasil.

“Para mim, não era opção
não nos casarmos no
Brasil também”

“Paul e eu tivemos um casamento pequeno aqui, em setembro de 2013. Minha família não estava presente. Então, para mim, não era opção não nos casarmos no Brasil também”.

Quando souberam que Cuiabá sediaria jogos da Copa do Mundo, compraram os ingressos sem ao menos saber quem jogaria na capital, pois a intenção era assistir ao Mundial. “O fato de Cuiabá sediar a Copa foi o que chamam ‘the icing in the cake’ (toque final)”, descreve.

O passo seguinte foi organizar uma comitiva. “Conversamos com amigos próximos sobre o que eles achavam da ideia de ir ao Brasil conosco para Copa e nosso casamento. Todos adoraram, e começamos a nos organizar”.

Arquivo pessoal

Celeste Lustosa e os amigos

Celeste, o marido e os amigos estrangeiros que desembarcaram em Cuiabá

Além do grupo australiano, amigos do casal de outras partes do mundo – Inglaterra, Tailândia e Bélgica – também toparam a aventura de comparecer à cerimônia e, “de quebra”, assistir à Copa em Cuiabá. A cerimônia ficou marcada para o dia 14 de junho, um dia depois da estreia do mundial em Mato Grosso. Quando foram sorteados os grupos das seleções, veio a surpresa. 

“Todos compramos ingressos para o jogo da estreia sem saber quem ia jogar. Estava dormindo quando um dos nossos amigos, Joe, jornalista da ABC na Austrália, ligou às 6h da manhã super animado e nos disse: ‘vocês não acreditam quem vai jogar em Cuiabá: Austrália!’ Pulamos de alegria”, descreveu.  A partida foi realizada contra o Chile, que levou a melhor contra os australianos.

“Tenho muito orgulho de
Cuiabá, de mostrar a cidade
a meus amigos. Poder fazer isso com a Copa e tê-los em meu casamento foi além do
que poderia sonhar”

Toda a organização do casamento de Celeste e Paul aconteceu pela internet e por telefone, levando em conta a diferença de 12 horas no fuso horário entre os dois países.

“Foi inesquecível. Tenho muito orgulho de Cuiabá, de mostrar Cuiabá para os meus amigos do exterior. Poder fazer isso com a Copa do Mundo e tê-los em meu casamento foi além do que eu poderia sonhar”. O casal tem um filho de um ano hoje. A família segue vivendo na Austrália.

Uma ajuda do acaso
Uma relação tão frutífera quanto à de Celeste e Paul iniciou de forma despretensiosa para a advogada cuiabana Juliana Fazlic, de 30 anos. Apaixonada por inglês desde muito nova, como se descreveu, ela foi selecionada pela Fifa para trabalhar na Copa em Cuiabá recepcionando os jogadores das oito seleções que passariam pela capital e preparando as crianças que entrariam com eles no gramado da Arena Pantanal.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o arquiteto bósnio radicado no Canadá, Dado Fazlic, de 37 anos, acrescentava um novo destino aos planos de viagem. Depois de assistir à primeira partida da Bósnia em um Mundial de Futebol, no Maracanã, ele conheceu pessoas que viriam para Cuiabá. Empolgado, decidiu, com um grupo de amigos, também assistir ao jogo em Mato Grosso.

Arquivo pessoal

Juliana e Dado Fazlich

Juliana e Dado se casaram no Canadá

Do outro lado do país, o acaso ajudava. “Umas amigas me avisaram que chegaria um grupo de bósnios em Cuiabá e me perguntaram se eu não poderia ir ao encontro deles para ajudar a conversar, praticar o inglês e socializar mesmo, já que não conheciam muita gente”, conta a advogada, que topou a missão.

“Fomos à Praça Popular e passamos a noite inteira conversando. Pensei: que cara bacana, alguém amigo, que dá para passar a noite batendo papo. Mas me limitei a trocar Facebook, pois não me interessei por ele com outras intenções a princípio”, acrescentou.

Depois da partida entre Bósnia e Nigéria, no dia 21 de junho, Dado deixou Cuiabá e seguiu acompanhando sua seleção. Após o Mundial, ele e Juliana continuaram a manter contato por meio de mensagens.

Foram seis meses de bate-papo, período no qual o bósnio deixou claro que estava interessado na advogada. “Ele me mandava flores no trabalho, sempre me surpreendia, muito romântico, quando percebi que estava apaixonada por ele”.

Em dezembro do mesmo ano, Juliana fez sua primeira viagem ao Canadá para reencontrar aquele que se tornaria seu marido meses depois.

Entre idas e vindas aos dois países – ela, a Toronto, ele, a Cuiabá – o casal oficializou a relação. Ficaram noivos, de surpresa para ela, em abril de 2015, durante uma visita dele a Mato Grosso para o aniversário da namorada.

Em julho seguinte, a família de Juliana partiu para o Canadá para conhecer os familiares do bósnio. “Ele me perguntou: ‘por que não aproveitamos a oportunidade de as duas famílias estarem juntas e nos casamos? Muitos acharam uma loucura e me criticaram, dizendo que não ia dar certo. Mas tínhamos um relacionamento legítimo. Só levei o vestido de noiva e ele organizou tudo. Teve recepção com buffet, lua de mel, coisa de sonho”, relatou.

“Só levei o vestido de noiva
e ele organizou tudo. Teve recepção com buffet, lua
de mel, coisa de sonho”

A mudança para o país do hemisfério norte só aconteceu, porém, em janeiro de 2016, pois, no ano anterior, Juliana esteve no casamento de seus dois irmãos em Cuiabá e o noivo veio para o Brasil para acompanhar um dos eventos e passar as férias de fim de ano. “Jamais pensei que essa história pudesse acontecer comigo, nunca acreditei em relacionamentos a distância”, analisa.

“E, se não fosse a Copa, não nos teríamos conhecido. Mesmo com todos os problemas que Cuiabá enfrentou, a sensação de acompanhar todos aqueles momentos de perto, a energia que a cidade teve lotada de turistas, para quem viveu mesmo a Copa, foi inesquecível. Para mim, mais ainda”.

 

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