Se você acredita que sim, pode estar certa. Uma reportagem do New York Times, publicada há algumas semanas, afirma que a maternidade e o casamento podem ser culpados pela diferença de salários entre homens e mulheres (https://www.nytimes.com/2017/05/13/upshot/the-gender-pay-gap-is-largely-because-of-motherhood.html?_r=0).
Segundo a reportagem, baseada no estudo da economista Sari Kerr, do Wellesley College (EUA), homens e mulheres ganham salários parecidos no começo da carreira. Mas por volta dos 30 anos, quando uma mulher geralmente casa e tem filhos, a diferença salarial aumenta e beneficia os homens.
Mas, afinal, por que filhos e casamento podem ser os responsáveis pelo salário baixo das mulheres? Segundo Kerr, isso acontece porque a divisão do trabalho dentro de casa não é equilibrada, mesmo quando os dois têm empregos. Ou seja, temos que trabalhar fora e ainda cuidar da casa quando chegamos do escritório. Obviamente, isso pode comprometer a nossa produtividade, uma vez que não podemos nos dedicar com tanto afinco ao nosso ofício.
O estudo, publicado no National Bureau of Economic Research, constata que, após o casamento, muitas mulheres podem abandonar oportunidades de trabalho ou escolher permanecer no mesmo cargo em benefício da carreira do marido. É comum incentivarmos o crescimento profissional de quem ganha mais – e geralmente é o homem. E ficarmos responsáveis pelos cuidados com a casa e a família. “Isso reforça a diferença salarial, porque ficamos presas num ciclo que se repete”, diz Kerr.
E a maternidade, onde entra nisso? Muitos empregadores podem pagar menos, assumindo que as mulheres ficarão menos comprometidas com o trabalho se engravidarem. Também podemos perder espaço durante a licença-maternidade ou com tudo que temos que resolver enquanto estamos trabalhando (ligações para a casa, doença dos filhos, reuniões e apresentações escolares). Além disso, o custo de ter um filho numa escola desde cedo muitas vezes não compensa nem o salário que uma mulher recebe.
Óbvio que ficar solteira e sem filhos não é a solução. É preciso lutar pela divisão das tarefas domésticas dentro de casa (se você cozinha, não é correto ele lavar a louça?) e lutar pela licença-maternidade para mulheres e paternidade para os homens, como acontece em muitos países europeus. Assim, não ficamos estigmatizadas como as únicas a deixar o trabalho para cuidar dos filhos. Também seria ideal termos flexibilidade de horas, o famoso home office, porque podemos ser eficientes trabalhando de casa também. Outras opções? Pré-escolas dentro de empresas e com custo acessível nem que seja apenas para abatimento no imposto de renda, como acontece nos Estados Unidos.
A batalha é longa, mas não deveríamos ter que optar entre ter uma carreira bem-sucedida ou casar e ter filhos.