Qual será o impacto das mudanças climáticas na agricultura? Um complexo modelo de previsão pode nos fornecer uma compreensão mais clara de como o aumento da temperatura e os níveis de CO2 afetarão as plantações.
A partir das projeções da temperatura média diária para fevereiro nos últimos 30 anos deste século (2070-2099), com base no modelo climático UKESM1-0-LL, o Jornal Financial Times, publicou uma perspectiva.
No cenário mais pessimista, espera-se um aumento médio de temperatura superior a 5°C. As estratégias que adotarmos para administrar as principais culturas terão repercussões drásticas no nosso futuro.
Os cultivos de cereais ocupam mais terras do que qualquer outra cultura, com uma margem significativa. Em 2021, as plantações de cereais cobriram cerca de 739 milhões de hectares em todo o globo.
A maior parcela dessas áreas está no hemisfério sul, e os cereais são altamente sensíveis às flutuações de temperatura. Muitas regiões já estão à beira de temperaturas que prejudicam as colheitas.
Isso é especialmente crítico no caso do milho, que é vital em muitas regiões tanto para a segurança alimentar quanto para a produção total.
O milho tende a ser cultivado em latitudes mais baixas, e sua biologia limita os benefícios advindos do aumento do CO2 atmosférico.
Uma pesquisa recente publicada na revista Nature Food indica que os impactos na produção de alimentos. Os resultados mostram que podem começar a ser visíveis em questão de uma década. Até o final deste século, a produção de milho poderá reduzir em até 24%.
“Deu ruim” para o milho, mas “deu bom” para o trigo
Por outro lado, o trigo é mais comumente cultivado em áreas de clima temperado e se beneficia muito mais do aumento dos níveis de CO2.
Consequentemente, a produção de trigo tem a perspectiva de aumentar em até 18% até o final deste século, sendo a maior parte deste crescimento esperada até 2050.
No entanto, também é válido considerar que o trigo pode se tornar menos nutritivo do que antes devido às restrições da capacidade de transporte de nutrientes do solo.
O estudo publicado na Nature Food salienta: “Em suma, nossos resultados indicam que as regiões de latitudes mais baixas enfrentam os maiores declínios em todas as culturas, enquanto as latitudes mais elevadas podem experimentar ganhos potenciais… Essa distribuição desigual dos impactos pode agravar ainda mais as disparidades regionais, que são uma ‘fonte de preocupação’ quanto aos riscos das mudanças climáticas”.
