A relação entre seres humanos e a natureza nem sempre é harmoniosa. A fobia ou medo de aranhas, pavor de cobras e outras reações fóbicas são exemplos comuns dessa complexa dinâmica. Mas por que essas biofobias persistem em nossas sociedades modernas? E como isso afeta nossa saúde física e mental?
A biofobia, definida pela American Psychological Association como o medo de certas espécies e uma aversão geral à natureza, leva muitas pessoas a se refugiarem na tecnologia e construções humanas, em vez de interagirem com o mundo natural.
Essas respostas fóbicas têm raízes evolutivas, remontando a um passado ancestral em que a natureza representava perigos reais, como doenças e predadores perigosos. Embora atualmente mais da metade da população mundial viva em áreas urbanizadas afastadas da vida selvagem, as fobias da natureza persistem.
Isso pode levar à ansiedade excessiva e à evitação de interações com a natureza, privando as pessoas dos benefícios que ela pode oferecer.
O que a ciência diz
Pesquisadores têm explorado as razões por trás dessa persistência das biofobias – fobias da natureza – nas sociedades modernas. Uma hipótese é que a vivência em áreas urbanizadas limita as oportunidades de interagir com a natureza, resultando em uma avaliação equivocada dos perigos associados a ela.
Recentemente, um estudo pioneiro buscou compreender a prevalência das biofobias usando dados da internet. Os pesquisadores analisaram o volume de buscas relacionadas a 25 fobias comuns entre 2004 e 2022. Descobriram que medo de aranhas, micróbios e parasitas estavam entre as fobias mais buscadas.
Além disso, observaram um aumento constante no volume de buscas por biofobias ao longo do tempo. O medo de germes, por exemplo, alcançou seu pico durante a pandemia de Covid-19, revelando o impacto psicológico causado pela crise sanitária.
Os resultados também sugerem que a desconexão com a natureza é mais acentuada em locais com grandes populações urbanas, como Austrália, Canadá, Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido. Por outro lado, países com populações urbanas menores, mas em rápido crescimento, exibiram menor interesse em fobias relacionadas à natureza.
Mais concreto e mais fobia
Essa desconexão da natureza pode ter consequências negativas para o bem-estar humano. Conforme nossas sociedades se urbanizam, corremos o risco de desenvolver medos infundados e percepções negativas em relação ao mundo natural. É essencial repensar nossa relação com a natureza e buscar maneiras de reestabelecer essa conexão vital.
O futuro de nosso bem-estar depende de como encaramos a natureza e abraçamos seus benefícios. Afinal, superar as biofobias pode nos abrir para um mundo de possibilidades e enriquecer nossas vidas de maneiras inimagináveis. É hora de desvendar os medos e abraçar a maravilha da natureza que nos cerca.