Ednilson Aguiar/O Livre
O Ministério Público Estadual (MPE) pediu que R$ 9,4 milhões em bens sejam bloqueados de 10 pessoas investigadas na Operação Ventríloquo. Entre os que podem ter bens bloqueados estão os deputados estaduais Romoaldo Júnior (PMDB) e Mauro Savi (PSB), e do deputado afastado Gilmar Fabris (PSD).
Eles fariam parte um grupo liderado pelo ex-deputado José Geraldo Riva (sem partido) que saqueou os cofres da Assembleia Legislativa entre 2013 e 2014, de acordo com o MPE. Empresas de fachada seriam utilizadas para firmar contratos fraudulentos com a Assembleia, sem que houvesse entrega dos materiais contratados.
O pedido é assinado pelos promotores do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Também foi pedido o bloqueio de bens de empresários e assessores parlamentares que teriam atuado para a execução dos esquemas e para a lavagem de dinheiro desviado dos cofres públicos. Neste grupo estão incluídos José Antônio Lopes, Claudinei Teixeira Diniz, Cleber Antônio Cini, Valdir Daroit, Leila Clementina Siniglaglia Daroit, Edilson Guermandi de Queiroz e Odenil Rodrigues de Almeida, assessor do deputado Guilherme Maluf (PSDB).
O MPE pede que seja feita a restituição de R$ 9,4 milhões desviados e também a condenação dos envolvidos por danos morais ao Estado de Mato Grosso e seus cidadãos em R$ 10 milhões, que deverão ser investidos nas áreas de Saúde e Educação.
Do deputado Gilmar Fabris, o MPE pede que seja sequestrado um veículo Mini Cooper, modelo 2009/2010. Do deputado Romoaldo Júnior, o órgão pede o bloqueio de uma moto Yamaha T115 Crypton ED, modelo 2011/2012. O deputado Mauro Savi pode ter bloqueados dois imóveis – uma área de 977 hectares no município de Vera e um lote urbano em Sorriso – além de um reboque Presidente Tra Carga1, modelo 2012.
Diversos outros veículos e imóveis dos demais acusados estão na lista entregue pelo Ministério Público, incluindo um veículo Porsche Cayenne S, pertencente a Leila Daroit, uma caminhonete Toyota Hilux, pertencente a Valdir Daroit, um veículo Mercedes Benz C 180 K. A ação deverá passar por sorteio entre os desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Outro lado
A reportagem tentou contato no celular dos deputados Mauro Savi e Romoaldo Júnior, mas não obteve resposta.
Com relação ao pedido do MPE, o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) informa que:
– Jamais participou de qualquer transação relacionada a pagamentos ou desvios de recursos da Assembleia Legislativa, em especial no caso citado pelo Ministério Público, que envolveriam recursos no valor de R$ 9,4 milhões.
– Jamais teve conhecimento de dívida ou pagamento de dívida da Asssembleia Legislativa junto ao banco HSBC.
– No caso citado, o próprio ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (também citado na ação) já disse para a Justiça, em audiência que Gilmar Fabris não tinha qualquer conhecimento sobre esquema envolvendo pagamentos ou desvio de recursos.
– Tampouco conhece os advogados envolvidos no suposto pagamento.
– No ano de 2014, data dos fatos constantes na denúncia do Ministério Público Estadual, não exercia o mandato de deputado estadual, estando na ocasião apenas na condição de suplente.
– Em seu depoimento ao Ministério Público, Gilmar Fabris esclareceu que, o cheque no valor de R$ 95 mil relativo a denúncia, era relativo a ressarcimento feito pela Assembleia Legislativa pelo fato de ter mobiliado, sem licitação, seu gabinete com recursos próprios.
– O cheque foi depositado de boa fé na conta de Ana Paula Ferrari , para pagamento de contas pessoais do parlamentar, tendo em vista que as contas da esposa e do mesmo estavam sofrendo execução de ação trabalhista
