A incerteza sobre o ensino à distância, já que muitos alunos, principalmente da rede pública de ensino, não têm acesso regular à internet não “comoveu” o governo federal. Nesta terça-feira (5), o Ministério da Educação reforçou que as datas das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 estão mantidas.
Com a confirmação, as provas presenciais seguem marcadas para 1º e 8 de novembro. Já o Enem digital está previsto para 22 e 29 de novembro.
À reportagem do LIVRE, Marioneide Angélica Kliemaschewsk, secretária estadual de Educação, afirmou ser contra.
“Temos inúmeros motivos para acreditar que é preciso reavaliar essas datas. É um momento de garantir as ferramentas necessárias para os nossos alunos do ensino médio continuarem a aprendizagem”, declarou.
Em Mato Grosso, quase 35 mil alunos estão matriculados no terceiro ano do ensino médio e, provavelmente, farão a prova este ano.
Deputados querem suspensão
Deputada federal por Mato Grosso, Rosa Neide (PT) também defende mudanças. Para a parlamentar, os estudantes com maiores dificuldades econômicas serão os mais prejudicados.
Ela diz ter encaminhado ao governo do Estado sugestões e cobranças de ações eficazes que auxiliem os alunos em vulnerabilidade social. A demanda também é assinada pelo deputado estadual Valdir Barranco, colega de sigla.
“Vejo ações tímidas, que não permitem que os estudantes, antes da reposição de aulas, tenham condições de realizar as provas”, afirma Rosa Neide, que já foi secretária estadual de educação.
Professores da rede pública de ensino em Mato Grosso ouvidos na semana passada pelo LIVRE foram enfáticos em afirmar que a maioria esmagadora dos alunos não têm recebido qualquer tipo de conteúdo desde o fim do ano letivo passado.
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Mas segundo a Seduc, há opções disponíveis. Entre as ferramentas está o aplicativo Pré Enem Digital. O App permite a organização de um plano de estudos das diversas áreas de conhecimento.
E, conforme Marioneide, quem não tiver acesso à internet deve procurar a unidades escolar em que está matriculado para a retirada de apostilas.
Projetos em tramitação
Na Câmara Federal, pelo menos, seis projetos em análise pedem a suspensão do calendário estipulado pelo MEC.
Um deles é proposto pela deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO). Ela defende que o calendário seja definido somente após a retomada das atividades regulares das escolas.
“As aulas foram interrompidas, a preparação para o exame já foi comprometida, sobretudo para aqueles que mais dependem das aulas e que têm menos recursos didáticos e tecnológicos”, afirma Dorinha.
O projeto também é assinado por Rosa Neide.