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Dinheiro para asfaltar estradas bancava “mensalinho”, diz Silval

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Dinheiro para asfaltar estradas bancava “mensalinho”, diz Silval

Ednilson Aguiar/O Livre

Silval Barbosa, Operação Sodoma

Silval Barbosa

Na delação premiada feita na Procuradoria Geral da República (PGR), o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou que o “mensalinho” pago aos deputados estaduais vinha de medições realizadas no programa MT Integrado, que consistia em um conjunto de obras de pavimentação de dois mil quilômetros de rodovias estaduais.

Com orçamento de R$ 1,5 bilhão, o projeto inicial foi lançado em 2013 e abrangia 44 cidades. Silval disse que as construtoras pagavam de 3% a 4% dos valores que recebiam a título de “retorno”, que era repassado aos deputados.

“Durante a execução do programa, Silval, por meio da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), ajustou com empreiteiras que, a cada pagamento de medição feita, haveria o retorno de um percentual da parcela quitada. Essa propina serviria para custear o ‘mensalinho’ ajustado com integrantes da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, no intuito de garantir a governabilidade do Estado e a manutenção do esquema”, consta na delação.

VEJA A COBERTURA COMPLETA DA DELAÇÃO

Segundo Silval, cabia a Sílvio Corrêa, seu então chefe de gabinete, repassar a cada parlamentar o montante de R$ 600 mil, a serem pagos em 12 parcelas de R$ 50 mil.

Foram flagrados em vídeo recebendo dinheiro em espécie os ainda deputados estaduais José Domingos Fraga (PSD), Gilmar Fabris (PSD) e Hermínio J. Barreto (PR); e os ex-deputados estaduais Emanuel Pinheiro (PMDB, atual prefeito de Cuiabá), Luciane Bezerra (PSB, atual prefeita de Juara), Alexandre César (PT, procurador do Estado), Antônio Azambuja (PP), Airton Português (PSD) – acompanhado pela irmã Vanice Marques, ex-secretária de Turismo – e Ezequiel Fonseca (PP, deputado federal).

O deputado estadual Baiano Filho também aparece em vídeo na sala de Sílvio Côrrea. Na gravação, ele não recebe dinheiro, mas reclama dos valores.  

A decisão de Silvio Corrêa de instalar uma câmera no gabinete para filmar os deputados recebendo dinheiro ocorreu, segundo Silval, por conta das “cobranças insistentes” em relação a atrasos nos pagamentos.

Outro lado

Em comunicado na sua página no Facebook, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), classificou como “totalmente deturpada” a imagem em que aparece recebendo dinheiro em espécie na sala de Sílvio Corrêa. Falando em nome da família, o deputado Oscar Bezerra confirmou o encontro no supermercado, afirmou que Silval possui uma dívida com ele e a esposa por negócios particulares e que o dinheiro recebido pela mulher seria um pagamento relacionado a esse assunto.

Alexandre César afirmou que irá se manifestar quando tiver acesso a todo o conteúdo da delação. Gilmar Fabris relatou que respeita a autonomia do Judiciário e dos órgãos de fiscalização, mas não comenta procedimentos em fase de investigação.

José Domingos Fraga disse que não se reconhece no vídeo e que irá se defender no momento adequado. Ezequiel Fonseca ressaltou que as imagens foram editadas e que nunca solicitou qualquer quantia ilícita de quem quer que seja em troca da atuação dele na Assembleia. Wagner Ramos enfatizou que, até o momento, não teve acesso aos autos da delação, mas que “as narrativas que o envolvem encontram-se distorcidas da realidade dos fatos”.

A reportagem ainda não obteve resposta de Silvano Amaral, Baiano Filho, Antônio Azambuja, Hermínio Barreto, Airton Português e Romoaldo Júnior.

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