Ednilson Aguiar/O Livre

 deputado Mauro Savi

Exaltado, Mauro Savi disse palavrões na tribuna

A crise gerada pelo atraso de repasses ao Hospital Regional de Sorriso levou parte da base aliada a se revoltar contra o governo estadual na sessão da noite desta terça-feira, 23. O caos causado pela falta de materiais básicos e até alimentação foi descrito pelo diretor técnico da unidade, o médico Roberto Yoshida, em entrevista emocionada. O choro do médico repercutiu e, à tarde, a diretora regional da unidade, Lígia Souza Leite, pediu demissão durante audiência pública que tratava sobre a situação da unidade. Horas depois, o governo anunciou a enfermeira Luciene Benin como substituta, e que a unidade manterá as portas abertas.

Na Assembleia, os mais indignados na sessão eram os dois deputados de Sorriso, ambos da base do governo: José Domingos Fraga (PSD) e Mauro Savi (PSB). Savi disse ter vergonha de sair na rua quando está em Sorriso. “Nunca passei tanta vergonha na minha vida, nem quando houve denúncias contra mim”, afirmou, na tribuna.

Savi relatou um encontro que teve com o secretário de Saúde de Mato Grosso, Luiz Soares (DEM), em que, ao tratar dos atrasos ao hospital, foi orientado a procurar a Secretaria de Fazenda, porque não havia dinheiro. Sem citar o nome do secretário, ele disparou contra Soares. “O secretário deve ter m… na cabeça e o rei na barriga. Ele tem que, no mínimo, respeitar as pessoas. Como um homem desses é médico? Um homem que não tem sentimento nenhum”, criticou.

Zé Domingos, por sua vez, se exaltou a tal ponto que derrubou o microfone ao gesticular durante a fala. “Eu cansei de bater na mesma tecla e quero fazer um desafio ao meu partido. Não vou atrapalhar o governo, mas não contem com Zé Domingos, porque estou passando por pelego e incompetente, e eu não sou nada disso”, esbravejou. “Apresento propostas para trazer dinheiro novo para a saúde, mas, infelizmente, a única coisa que consegui foi uma moção de repúdio do município que ajudei a construir. Estou proibido de entrar na minha cidade”, disse Fraga.

Outros parlamentares governistas se indignaram com o caos no hospital. “A base não consegue mais suportar. Se eu, que sou Juara, recebi cobranças sobre o hospital de Sorriso, imagina Zé Domingos e Mauro Savi”, disse Oscar Bezerra.

Wagner Ramos (PSD) atribuiu parte da culpa pelo problema às trocas no secretariado. A pasta da Saúde está no quarto secretário, em dois anos e cinco meses de governo. “A troca de secretários prejudica muito. Até o novo secretário entender a situação da pasta, leva meses”, disse.

Daltinho de Freitas (SD) disse que há “desvios grossos” de recursos na área de saúde. Adriano Silva (PSB) também citou os problemas nas unidades, mas culpou o governo passado. “Hoje, a saúde tem um déficit de R$ 200 milhões e R$ 100 milhões são do governo passado”.

Assessoria/SES

Hospital regional Sorriso

 Entrada do Hospital Regional de Sorriso, na Avenida Porto Alegre


Saúde x VLT
A oposição não ficou atrás. Valdir Barranco (PT) e Janaina Riva (PMDB) propuseram trancar a pauta de votações enquanto não se resolva o caos na saúde em Mato Grosso. O pedido, porém, não teve efeito, e os deputados votaram os projetos que estavam em pauta. Janaina chegou a pedir que o vice-governador Carlos Fávaro (PSD) assuma o governo.

“Não é só Sorriso. Em Santo Antonio do Leverger, uma emenda do deputado Romoaldo Junior (PMDB) de 2015 não foi paga até hoje”, disse Allan Kardec (PT), afirmando que ninguém nasce no município por falta de estrutura para maternidade. O petista ainda criticou o financiamento para retomar a obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que será votado na Assembleia. “Não podemos aprovar esse empréstimo de quase R$ 1 bilhão enquanto a saúde está nesse estado.”

O líder do governo, Dilmar Dal’Bosco (DEM), recorreu a escândalos nacionais para rebater as críticas. “O PT fez um verdadeiro assalto contra o Brasil. Mensalão, BNDES, dinheiro na cueca”, afirmou. Ele disse que um comitê foi criado para buscar mais recursos para a saúde.

Secretaria diz que hospital atrasa notas
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que pagou 9 milhões em débitos referentes ao ano passado, mas reconheceu “pendências” que somam R$ 3,9 milhões em relação aos meses de janeiro, fevereiro e março. “Deste total, alguns processos aguardam certidões de fornecedores (principalmente ao mês de janeiro) e também as notas fiscais que comprovam a prestação dos serviços, no caso das competências de fevereiro e março, cujos comprovantes só começaram a chegar à SES no início de maio”, diz a nota, em um trecho.

No caso dos valores devidos à empresa fornecedora da alimentação, a secretaria disse que houve atraso no envio, por parte da administração do hospital, da nota fiscal referente ao mês de março – no valor de R$ 54 mil.

“A nota fiscal foi emitida em março deste ano, mas a direção do hospital somente enviou a nota para o financeiro da SES neste mês de maio. Uma nota fiscal de outro fornecedor de R$ 13,456 mil enviada este mês, também referente a março, está pendente de pagamento porque faltou uma certidão, que já está sendo providenciada pela direção para que o valor seja pago”, relatou a secretaria, em um trecho da nota.

Quanto aos serviços de lavanderia, a nota afirma que houve “um entendimento” para que os serviços sejam mantidos. “A SES também informa que está fazendo um levantamento dos pagamentos feitos a fornecedores no período de janeiro e fevereiro mediante bloqueio judicial de R$ 3.142.082,33 para que não haja pagamento em duplicidade, já que a quitação dos débitos é feita diretamente pela direção do hospital”.

Questionada sobre as declarações do deputado Mauro Savi sobre o secretário Luiz Soares, a assessoria da SES frisou que Soares está no cargo há dois meses e que vem trabalhando para organizar a gestão do setor.

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