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Cores da saúde: campanhas de conscientização deveriam ser permanentes

Você já ouviu falar delas, mas já viu campanhas efetivas? O poder público afirma que faz e especialistas dizem ser importante expandir

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Cores da saúde: campanhas de conscientização deveriam ser permanentes
(Foto: Reprodução/iStock)

Agosto Dourado. Setembro Amarelo. Janeiro Branco. Outubro Rosa. Novembro Azul. Para cada mês, uma cor, às vezes, até mais de uma, nomeando campanhas de conscientização.

Mas, efetivamente, o que essas cores representam e promovem?

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) explica que não promove ações alusivas a todas as temáticas. “Quando o órgão estadual assume alguma atividade alusiva a um tema, justifica-se pela relevância inserida em programas estratégicos de saúde do Estado ou no cumprimento de diretrizes do Ministério da Saúde”, justifica.

A Pasta detalha que realiza mobilizações, por meio de cursos e palestras, a população e profissionais da saúde para conscientização de doenças e discussão sobre prevenção e tratamento na rede pública.

Além disso, estrutura a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) local com repasses aos municípios para o atendimento das demandas locais, como consultas, exames e procedimentos realizados na Atenção Primária.

Neste mês, por exemplo, há duas temáticas: o aleitamento (Agosto Dourado) e a informação e conscientização sobre a esclerose múltipla (Agosto Laranja). A SES informa que trabalha conteúdo sobre a esclerose pontualmente no Telessaúde MT. A amamentação também é pontual, mas durante todo o mês.

(Foto: O LIVRE)

Ações o ano todo

As campanhas são importantes porque ajudam na conscientização da população, reforça Samira Reschetti Marcon, docente da faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e líder do Núcleo de Estudos em Saúde Mental (NESM).

Entretanto, o trabalho poderia se expandir para ações em outros momentos que não apenas esse pontuais, também envolvendo diferentes setores de profissionais e da população em geral.

“Teríamos que ampliar as políticas públicas prevendo ações ao longo de todo o ano, falando sobre essas temáticas trazendo maior acesso à mídia, abordando os assuntos nas escolas, em formações continuadas para os profissionais”, explica Marcon.

Estudos reafirmam

A docente da UFMT comenta ainda que pesquisas universitárias têm avaliado o impacto dessas ações de conscientizações pontuais.

Um estudo feito por acadêmicos da Universidade Anhanguera – Uniderp, do curso de Medicina, em parceria com o Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências e Matemática, avaliou o impacto das campanhas educativas na temática do suicídio sobre os acadêmicos dos cursos de medicina, psicologia e licenciaturas. O resultado foi publicado na revista Ensino, Educação e Ciências Humanas, este ano.

A pesquisa identificou que o enfoque desses trabalhos de conscientização para a prevenção do suicídio devem trabalhar “a orientação de como agir, com indicações de locais para os quais poderão encaminhar, e não apenas na informação sobre o comportamento da pessoa”, pontua o relatório.

A Universidade Estadual do Ceará também trouxe o tema à tona em um estudo sobre o impacto dos 5 anos da campanha Setembro Amarelo. Os pesquisadores analisaram a mortalidade por causas auto-infligidas no Ceará entre 2009 e 2019.

A avaliação publicada este ano não identificou alteração de tendência na frequência de suicídios a despeito da implementação da campanha na população geral. Porém, entre as pessoas de 15 e 29 anos, foi observado um crescimento na tendência de atentar contra a própria vida.

Já no outro extremo, a população idosa entre 60 e 79 anos, estabilizou após a campanha. Dessa forma, dentre os apontamentos feitos pelos pesquisadores está a ênfase em “mais investimentos em políticas públicas destinadas à prevenção do suicídio.”

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