Primeiro filho e ainda durante a gestação, Aléssica Lili de Moraes, 22, descobriu que Daniel Theodoro, hoje com 6 meses, nasceria com a fissura palatina. “Sabia que existia o risco porque tenho casos na família, como o meu tio, prima. Mas ainda assim, fiquei preocupada”, diz a jovem.
O receio de Aléssica era de que o filho não conseguisse se alimentar. Nos dois primeiros dias após o nascimento, foi feito o uso de uma bandagem para que Daniel Theodoro conseguisse se prender ao peito. Em menos de uma semana, a faixa foi retirada e o neném conseguiu se adaptar.
Agora, Daniel Theodoro está nos preparativos para realizar a cirurgia de fechamento dessa abertura. O procedimento é feito em Cuiabá, principalmente, no Hospital Geral, referência no atendimento integral de pacientes com fissuras labiopalatinas.
Esse tipo de mal formação atinge uma em cada 650 crianças nascidas no Brasil. Por isso, a unidade de saúde aproveita o “Agosto Dourado”, mês de campanha em prol do aleitamento, para alertar sobre a importância de manter as tentativas para que a criança consiga se desenvolver normalmente.
Luiz Felip, de 1 ano e 6 meses, já passou pelo procedimento, no mês passado. A mãe Danivéa dos Santos Silva, 21, conta que agora a alimentação ficou ainda melhor.
“Logo depois que nasceu, foi complicado, mas ele conseguiu acostumar. Agora já come de tudo”, relata.
Dificuldade de alimentar
As fissuras labiopalatinas são uma das anomalias que dificultam o aleitamento materno e, devido a isso, é necessário um cuidado específico tanto para a mãe quanto para o bebê.
A fonoaudióloga do Hospital Geral, Carla Meliso, explica que a dificuldade de alimentação de bebês com fissura surge logo após o nascimento, devido ao prejuízo no mecanismo de sucção, decorrente da falta de integridade das estruturas anatômicas.
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Nesta fase inicial, a prioridade é a nutrição do bebê e o acompanhamento de seu ganho de peso por um pediatra deve ser frequente.
As crianças com fissura no palato popularmente conhecido como céu da boca, podem apresentar dificuldades iniciais para extração do leite no seio materno, devido à falta de pressão dentro da boca, onde é indicado a ordenha manual para oferta do leite materno.
Incentivo na luta
O aleitamento materno é incentivado desde o primeiro momento e recebe auxilio para o posicionamento correto do bebê, afim de proporcionar a amamentação de maneira efetiva.
Carla conta que existe uma equipe multidisciplinar no HG que acompanha essas mulheres. Entre as ofertas, está a assistência psicológica para diminuir o impacto emocional e facilitar a aceitação do filho com esta anomalia.
“O aleitamento é incentivado em seguida ao nascimento e acompanhado por uma equipe multidisciplinar para possibilitar a condição de vida ideal, assim como, evitar possíveis complicações indesejadas. Os bebês com fissura labial e/ou palatina geram muitas incertezas e dúvidas para os familiares a respeito de como realizar a amamentação. Por isso, damos todo esse apoio para as mães não deixarem de amamentar”, destacou a fonoaudióloga.
Profissionais especialistas
A fonoaudióloga ressalta que é de extrema importância formar profissionais com conhecimento adequado sobre o aleitamento materno em crianças nascidas com má formação craniofacial como as fissuras lábio/palatinas. A adoção de intervenções educativas deve ocorrer ainda na graduação.
“Lembrando que a mamada destes bebês é mais demorada em virtude da menor força de sucção, que o lado da fissura não deve ser evitado, a fim de estimular a musculatura, e que o bebê deve ser mantido em posição mais ereta, para evitar o refluxo nasal de leite e a penetração do mesmo no conduto auditivo. Além disso, devido à ingestão excessiva de ar no momento da alimentação, deve-se fazer mais pausas para propiciar o arroto”, finalizou Carla.
(Com Assessoria)