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“Caímos, perdemos, mas nem por isso a gente sucumbe”, desabafa o palhaço

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“Caímos, perdemos, mas nem por isso a gente sucumbe”, desabafa o palhaço

A palhaçaria é uma arte muito antiga que na contemporaneidade, continua encantando a crianças e adultos. Mas por trás do riso largo e caricato – desenhado de orelha a orelha -, roupas coloridas e do nariz vermelho, há também um ser humano, que explora o humor, mas vivencia seus dramas.

Nascido nos circos da Roma Antiga no século XV, o palhaço carrega consigo a dura missão de fazer o público feliz, em um mundo cada vez mais confuso.

Nessas condições, o picadeiro pode ser mais complexo do que se imagina.

Quem confirma é o palhaço Esio Magalhães. Ele integrava uma das caravanas vindas de várias regiões do país para um grande encontro sediado no Sesc Pantanal cujos artistas circularam também, por vários espaços públicos da cidade de Poconé (a 102 km de Cuiabá).

Esio, que assume o papel do palhaço Esio Magalhães – ou divertidamente Zabobrim (quando incorpora o personagem), atua há 21 anos como artista do riso. Ele roda o Brasil com o grupo teatral Barracão e abordado pela reportagem, falou um pouco sobre as particularidades da vida do profissional dedicado à palhaçaria e especialmente, sobre o paradoxo que permeia a figura cômica.

1 – Alguém sonha em ser palhaço? Cresce e diz: um dia serei palhaço?

Esio Magalhães – Eu acho que alguém sonha sim, mas não foi bem o meu caso. Eu queria ser ator dramático, emocionar as pessoas, falar de coisas importantes. Mas sempre que entrava no palco as pessoas riam. Isso no primeiro momento foi muito frustrante, mas ao mesmo tempo eu percebia que isso me aproximava do público. Meu contato através do riso nos estreitava. Então, aos poucos eu fui tomando gosto.

2 – Como se descobriu palhaço?

Esio Magalhães – Por entender que a comicidade mais me aproximava do público para falar de coisas importantes através de uma figura fraca.

Ninguém quer ser palhaço, o ridículo ou a ridícula de qualquer situação. Todos querem ser o herói, a heroína. Então, fui descobrindo que através dessa figura frágil, imperfeita, que se camufla o palhaço, eu me aproximava do público e conseguia falar de coisas que vivemos todos nós.

Somos todos ridículos, como diz a mestre palhaça canadense Sue Morrison.”Cada um tem um lado ridículo dentro de si. Então não se preocupe”, dizia ele em tom confortante.

Fonte: Instagram Olugar

3 – Consegue passar mensagens impactantes e delicadas sobre a sociedade ou a política e mesmo assim fazer com que as pessoas riam?

Esio Magalhães – Independente do espetáculo que esteja fazendo, a mensagem a ser passada é: caímos, perdemos, mas nem por isso a gente sucumbe, a gente cai, chora, mas levanta, se alegra. A gente continua e persiste.

4 – Aquele palhaço de antigamente que roda por várias cidades, vivendo debaixo da lona, ainda existe?

Esio Magalhães – O nomadismo faz parte do trabalho do palhaço. Temos de ir onde o povo está, e o povo está em todo lugar. Rodamos muito, e ainda existe aqueles palhaços que acompanham o circo em cada parada.

5 – Reza a lenda que todo palhaço carrega a melancolia dentro de si, alguns até desenham a lágrima no rosto. Existe de fato essa tristeza?

Esio Magalhães – A maior tristeza do palhaço é ser abandonado, perder o calor do público. O palhaço afirma muito a questão do finito, de que crescemos, nascemos e morremos. Talvez por isso a melancolia. Todo palhaço mesmo q subliminarmente, carrega consigo as dores do mundo e a grande missão em melhorar tudo através do riso.

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