Os áudios captados durante interceptação telefônica ilegal promovida contra a família Barbosa causou repulsa nos membros do Ministério Público de Mato Grosso (MPE). A informação é do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correia Ferreira Júnior, durante seu reinterrogatório na tarde desta quarta-feira (17), à 11ª Vara Criminal de Cuiabá.
De acordo com Gerson, a família foi grampeada no âmbito das Operações Arqueiro e Ouro de Tolo, que visavam investigar servidores públicos envolvidos com empresas fantasmas para promoverem o desvio de recursos da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas).
“Nessa operação houve um terremoto dentro do Gaeco, porque vários diálogos na barriga de aluguel dessa família Barbosa causaram espanto, repulsa aos membros do MP, a ponto de realizarem vazamento de áudios dessa operação”, afirmou Gerson.
Conforme o cabo, que era o operador das interceptações no âmbito do Gaeco, os áudios revelaram informações comprometedoras contra a ex-primeira-dama Roseli Barbosa, que na época era secretária da Setas. Os diálogos eram claros, apontando que Roseli era a maior beneficiada do esquema.
Acontece que Roseli tinha foro privilegiado, por ser secretária. Por isso o promotor Marco Aurélio de Castro, coordenador do Gaeco, pediu que ela não fosse incluída na lista de investigados. Do contrário, o caso passaria a ser competência do Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco Criminal) e Tribunal de Justiça.
Gerson ainda revelou que Marco Aurélio não queria que o caso chegasse ao TJ porque lá haveriam desembargadores que “iriam vazar a informação para o governador Silval Barbosa”. Com isso, passaram a ser investigados os secretários-adjuntos da Pasta, entre eles Jean Estevão, Vanessa Rossinho e Rodrigo de Marques. Contudo, de forma reflexiva, Roseli era acompanhada.
Quando, no último ano de gestão de Silval, Roseli sai da Pasta, Jean Estevão assume e passa a ter foro privilegiado. Então a competência é declinada.
A família Barbosa, porém, volta a ser alvo na Operação Ouro de Tolo, em 2015. Na ocasião, foi feito o aditamento da denúncia contra as fraudes na Setas e o Gaeco pede interceptação telefônica de Roseli e de sua família.
Entretanto, segundo as revelações de Gerson, o Ministério Público já tinha levantado informações comprometedoras contra a família, ao inserir o telefone de diversos Barbosa em uma decisão do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, da Comarca de Cáceres.
Naquela ocasião, ainda antes da deflagração da Ouro de Tolo, foram grampeados o ex-governador Silval Barbosa, sua esposa Roseli, a filha, Carla Barbosa, e Ricardo Barbosa. A autorização, afirmou Gerson, partiu dos promotores Marco Aurélio e Samuel Frungillo.
Gerson também afirmou à Justiça que avisou ao promotor Marco Aurélio de que os números eram da família Barbosa. O membro do MPE teria usado, então, o histórico de chamada para pedir a prisão de Roseli.