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Violino popular de Ricardo Herz marca encerramento de temporada da Orquestra de MT

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Violino popular de Ricardo Herz marca encerramento de temporada da Orquestra de MT

Em uma orquestra, o violino é um instrumento tradicional. Mas nos concertos deste mês de novembro, a Orquestra de Mato Grosso irá apresentá-lo de uma maneira diferente – com a maestria de Ricardo Herz Trio, cujo violinista é considerado pela crítica especializada, o inventor de uma nova maneira de tocar o instrumento. Sob regência do maestro Arthur Barbosa, titular da Orquestra Eleazar de Carvalho (CE) e regente da Ospa Jovem em Porto Alegre (RS), as  apresentações que encerram os Concertos Oficiais da Temporada 2017 serão realizadas neste fim de semana, 25 e 26, no Cine Teatro Cuiabá, e trarão um repertório popular que vai do rastapé, o frevo, aos arranjos de baião, o choro e a toada caipira.

Para entender melhor essa mistura, o LIVRE conversou com o músico que empresta nome e composições ao trio. Ele nos contou sobre sua trajetória, traçou perspectivas para o violino brasileiro e adiantou um pouco mais sobre o repertório que prepararam para o show.

Ednilson Aguiar/Olivre

Orquestra de Mato Grosso

Ensaios da Orquestra de Mato Grosso para os últimos concertos da Temporada 2017.

Ricardo Herz é de São Paulo, cresceu ouvindo o violão da mãe em casa e teve cedo sua iniciação musical. Com seis anos, começou em três instrumentos: a flauta, o piano e o violino. Ele confessa que, na época, seu forte era o piano, mas, aos oito, assistiu um menino tocar violino com a Orquestra do Estado de São Paulo, no auditório do Ibirapuera, e descobriu sua paixão. O menino em questão era aluno da família de descentes japonês, os Fakuda, com quem Ricardo consolidaria sua formação no instrumento.

No colegial, teve a típica banda de rock, mas quando jovem curtiu mesmo o forró, a saudosa moda dos universitários dos anos 2000. Ao conhecer melhor o ritmo, o músico percebeu que sua formação erudita pela Universidade de São Paulo (USP) não dava conta da infinidade de possibilidades da música popular brasileira. “Para tocar música popular você tem que saber improvisar, é outro tipo de swing”.

Foi na busca por essa riqueza e improvisação que o músico teve aulas com o mestre brasileiro do jazz, o saxofonista Roberto Sion, mas foi só estudando em Boston que o músico conseguiu se dedicar integralmente à música popular e descobriu a escola francesa de violino Didier Lockwood. Na França ficou por nove anos e, curiosamente, foi levado novamente ao forró – Ricardo pagou as contas por muito tempo tocando em uma banda de forró francesa chamada Orquestra do Fubá, experiência que teve grande influência em sua formação. “O forró é uma escola muito legal para o violino, desenvolvi minha maneira de tocar aprendi muito nessa banda”, afirmou.

Rogerio Von Kruger

ricardo herz

Ricardo Herz e o violino popular

O músico que mistura ritmos brasileiros, africanos e a improvisação do jazz europeu, lamenta a separação entre música popular e erudita, mas acredita que o cenário brasileiro vem mudando rumo à essa união, comum fora do país. “Geralmente o músico não é estimulado a escrever e ensinado a só tocar em orquestra, mas tenho sentido interesse do pessoal erudito em se inserir na formação popular. O mercado está mudando muito, o cara que só do erudito está perdendo público”, conta o músico que também leciona violino popular online. Surpreendido com a demanda, reune mais de 40 alunos em todo o Brail, ensinando choro, samba, baião e xote no instrumento clássico. 

Ricardo Herz Trio e o violino popular

O grupo Ricardo Herz Trio surgiu em 2011, mas os três músicos já se conheciam há muito tempo. Ricardo Herz, o percussionista Pedro Ito e o austríaco Michael Ruzitschka, que comanda o violão 7 cordas, se aproximaram em 2001, quando ainda eram alunos da Berklee College of Music, em Boston. O violista ainda volta mais atrás no tempo e conta que ele e Pedro estudaram no mesmo colegial: “Eu lembro que quando entrei na escola a galera falava dele, já tocava com Arnaldo Antunes. Tinha 18 anos e era um profissional”.

Daniel Tapia

ricardo herz trio

O três músicos se conheceram em Boston e formaram o trio em 2011.

Quando voltaram ao Brasil, formaram o trio de repertório autoral, marcado pelos tradicionais ritmos brasileiros, com a influência de Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Egberto Gismonti, Jacob do Bandolim, entre outros. Desde então, conquistaram o Brasil e a Europa, circulando pelo mundo em várias turnês, e já gravaram dois discos: “Aqui é o meu Lá”, de 2012, e “Torcendo a Terra”, lançado este ano, que dá nome à música que será uma das atrações desse fim de semana.

Mite Kuzevski

ricardo herz trio

Ricardo Herz Trio

Pela primeira vez em Mato Grosso, Ricardo Herz conta que o show com a orquestra estadual terá uma compilação de vários discos seus e do grupo, como os arranjos para o baião “Mourinho”, o choro “Minhoca”, a toada caipira “De ontem pra amanhã”, o chamamé “Chamaoque?” e a “Moda Miúda”. Entre os destaques, também estão peças do folclore infantil, fruto de um projeto de Herz em parceria com Nelson Ayres e Michi Ruzitschka, as “Cantigas e Cirandas do Cancioneiro Popular Brasileiro”.

Bateu curiosidade? Então corre para garatir seus ingressos que já estão disponíveis aqui e na bilheteria do Cine Teatro Cuiabá. Por enquanto, fique com um gostinho do violino de Herz e conheça mais o trabalho do artista no site:

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