O ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB) criticou o atual prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB), por ter, em sua opinião, demorado para vir a público explicar o contexto da gravação em que aparece recebendo maços de dinheiro no gabinete do ex-governador Silval Barbosa.
“Se o Emanuel é inocente, ele deveria ter vindo no outro dia falar que é inocente. Se não, ele fica com essa imagem, que é a imagem que circulou pelos veículos de comunicação e ficou marcada na cabeça da população cuiabana”, disse à rádio Vila Real nesta quinta-feira (08).
Emanuel Pinheiro foi filmado recebendo valores que, segundo Silval, seriam referentes a uma propina paga a deputados estaduais para manter a governabilidade – o prefeito foi deputado de 2011 a 2016. A defesa do prefeito alega que o pagamento feito pelo chefe de gabinete de Silval, Silvio Cesar Correia Araújo, seria para quitar uma dívida com o irmão do prefeito, Marco Polo Pinheiro, sócio do Instituto Mark de Pesquisas e Opinião Pública.
“Eu fui vítima de uma busca e apreensão do Ministério Público e no outro dia eu estava xingando o ministro [Dias] Tóffoli [do Supremo Tribunal Federal]”, disse Mendes. Em maio de 2014, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do ex-prefeito durante uma das fases da Operação Ararath, que investiga diversos casos de corrupção no Governo do Estado.
A investigação apurava a possível lavagem de R$ 3,4 milhões em um empréstimo feito pelo empresário Júnior Mendonça, dono da rede de postos Amazônia Petróleo. O empresário é um dos delatores na Ararath.
“Isso trouxe muito prejuízo para mim, e apenas três longos anos depois houve relatório da Polícia Federal e do Ministério Público Federal dizendo que não era nada daquilo. O delator dizia, ‘esse negócio do Mauro Mendes é legal’, e o Ministério Público ignorou isso”, afirmou Mendes.
O caso foi arquivado pelo juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara Federal em Cuiabá, em junho de 2017. O ex-prefeito diz que teve prejuízos financeiros por causa da publicidade dada às investigações da Polícia Federal contra ele.
“No outro dia, todos os créditos das minhas empresas foram cortados, e isso poderia ter sido evitado se o Ministério Público tivesse me chamado para conversar”, disse. “Teve veículo de comunicação que colocou três vezes na capa quando as investigações começaram e depois não deram nem uma linha sequer quando eu fui inocentado”.