José Medeiros/Gcom

Pedro Taques e Paulo

 O governador Pedro Taques e o advogado Paulo Taques, então chefe da Casa Civil, no Palácio Paiaguás

A saída do advogado Paulo César Zamar Taques da chefia da Casa Civil de Mato Grosso  a 24ª mudança no primeiro escalão de Pedro Taques  pode marcar o início da maior crise política já vivida por esta gestão e inaugurar um novo equilíbrio de forças no Palácio Paiaguás. Primo e pessoa de confiança do governador, Paulo foi, até a semana passada, o homem forte do governo que, em diversas ocasiões, ganhou quedas-de-braço com outros secretários.

A partir de agora, a tensão poderá criar um ambiente favorável para que grupos desvinculados do advogado ganhem espaço no governo. Entre os integrantes do secretariado, dois núcleos se destacam: um ligado ao vice-governador Carlos Fávaro (PSD) e outro ligado ao ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (PSB).

Por trás de Fávaro, está o agronegócio. Ex-presidente da Aprosoja, o vice conta com apoio de produtores poderosos como Eraí Maggi (PP), dono do grupo Bom Futuro. Em 2014, Eraí recusou o convite para ser vice, e abriu espaço para Fávaro compor a chapa de Taques, com apoio dele e da maior parte dos grandes produtores. A influência do agro se estende por pastas ligadas aos interesses do setor, como Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, comandada pelo próprio vice.

O PSD de Fávaro tem indicações desvinculadas do meio rural também, como a Secretaria de Ciência e Tecnologia. O ex-vereador por Cuiabá Domingos Sávio entrou na leva de indicações políticas quando o governador resolveu dar mais espaço para os partidos. Com a janela de infidelidade partidária aberta em 2016, a sigla se tornou a maior da Assembleia Legislativa, com seis parlamentares, e ganhou força política.

No PSB de Mauro Mendes, também há  forte influência do setor produtivo. Toda a bancada de deputados estaduais e federais eleitos como titulares é composta por empresários da indústria ou produtores rurais. O partido conta com dois secretários, em áreas mais sociais, como a Agricultura Familiar e a Assistência Social.

As eleições de 2016, porém, levaram a um aproveitamento de diversos nomes do staff de Mendes, depois da derrota do candidato do governador à prefeitura da capital, Wilson Santos (PSDB). Diversos integrantes da gestão do ex-prefeito que fizeram campanha para o tucano hoje integram o segundo escalão governo estadual. Apesar de não terem sido indicados pelo PSB, o espaço que a gestão do ex-prefeito ganhou no staff não pode ser ignorado.

Disputa na Sesp

A situação atual expõe abertamente também a desavença com outro velho amigo do governador: o promotor de Justiça Mauro Zaque, estopim da crise e autor das denúncias de grampo que abalaram o governo. Ele comandou a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) em 2015, no primeiro ano do mandato, e saiu depois de se desentender com Paulo Taques e com o então comandante-geral da Polícia Militar, Zaqueu Barbosa.

Apesar de expor seus desentendimentos com Zaque e a crise ocorrida na Sesp, durante coletiva de imprensa na sexta-feira, Pedro Taques negou que haja cisões dentro no alto escalão. “Não existem grupos se digladiando dentro do governo”, declarou. “Mas claro que cada secretário tem sua posição.”

Grampos

A exoneração de chefe da Casa Civil, na quinta-feira, 11, foi motivada por uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, prevista para ir ao ar neste domingo, 14, que trata de um esquema de arapongagem dentro do governo. Segundo o próprio governador, Paulo deixou o cargo para atuar como advogado dele no processo.

“Eu fui acusado de ter prevaricado. Paulo irá defender o meu maior patrimônio, a minha honra”, disse Pedro Taques, em entrevista coletiva.

A acusação feita por Mauro Zaque em outubro de 2015, quando ainda era secretário, gerou uma investigação preliminar na Procuradoria Geral da República (PGR), onde os governadores têm foro. Pedro é acusado por Zaque de usar a estrutura da Polícia Militar para um esquema de grampos de autoridades, políticos e jornalistas. O promotor teria afirmado que o coronel Zaqueu também tinha conhecimento do esquema.

O governador nega ter conhecimento de escutas ilegais e disse que nunca pediu ao militar que grampeasse qualquer pessoa. Ele acusou Mauro Zaque de fraudar o protocolo do documento no qual teria comunicado o governador do esquema. Taques informou ainda que vai representar o promotor no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

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