Ednilson Aguiar/O Livre
Representantes de entidades do agronegócio mato-grossense, que respondem por 51% do PIB estadual, lamentaram as cenas exibidas na noite de quinta-feira (24/08) pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Nas imagens, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), e outros quatro deputados estaduais aparecem recebendo dinheiro em espécie na sala do então chefe de gabinete de Silval Barbosa, Sílvio César Corrêa. O material é parte do conteúdo de delação premiada que ambos fecharam com a Procuradoria Geral da República (PGR).
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Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Endrigo Dalcin, Mato Grosso precisa ser passado a limpo, e as instituições brasileiras devem ser repensadas.
“Tem que aparecer, a sociedade precisa saber quem roubou o Estado”, afirma, ao mesmo tempo em que questiona: “Onde estavam os órgãos e instituições de controle?”.
Corrupção em obras
Maior produtor de soja e milho do país, Mato Grosso tem como principal gargalo a logística. Na delação premiada que fez à PGR, Silval disse que pagou propina de R$ 53 milhões a conselheiros do Tribunal de Contas (TCE-MT) para que obras de pavimentação de 2 mil km de estradas tivessem continuidade por meio do Projeto MT Integrado.
“Tem que aparecer, a sociedade precisa saber quem
roubou o Estado”
À época, o projeto era considerado o maior programa de infraestrutura do Estado e tinha custo de R$ 1 bilhão.
“É a mesma situação do dinheiro do Fethab. Com certeza tem dinheiro do Fethab desviado durante a gestão dele. Nada foi aplicado em infraestrutura”, lamenta. “O que não pode é que eles fiquem impunes”, pontua.
Dalcin cita que, mesmo com as commodities em baixa, o produtor segue contribuindo para melhorar o Estado. “Não só para o agro, mas para todos que aqui vivem. Queremos que as coisas aconteçam, que Mato Grosso cresça”.
O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, afirma que cabe à justiça apurar e punir os culpados. “E isso no Brasil inteiro. Estamos assustados. Quem a gente elege não tem feito por nós”, destaca.
“Estamos assustados. Quem
a gente elege não tem
feito por nós”
Para o presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires, é preciso aguardar o desenrolar das investigações.
“A gente sente muito, é ruim para um estado produtor como o nosso, mas prefiro aguardar o desenrolar dos fatos”.
O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Alexandre Schenkel, se diz indignado. “Nós não temos muito o que falar, ficamos revoltados com esse tipo de situação, mas vamos manter nosso trabalho sério, honesto”, destaca.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) disse que não irá se pronunciar sobre o caso.