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Reportagem mostrou os 20 servidores com maiores salários no executivo

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Reportagem mostrou os 20 servidores com maiores salários no executivo

Ednilson Aguiar/O Livre

Palácio Paiaguás

Em fevereiro de 2017, uma reportagem exclusiva do LIVRE mostrou quem eram os servidores do executivo estadual que receberam os maiores salários no ano anterior. A matéria trouxe os 20 funcionários públicos que receberam vencimentos que estariam acima do teto constitucional.

Veja a reportagem:

EXCLUSIVO
Os 20 maiores supersalários do Estado em 2016
Quem são os servidores que receberam os salários mais altos do Executivo mato-grossense em 2016

Erika Onodera/O Livre

Supersalários

 

Em fevereiro de 2016, o holerite do delegado Ronan Gomes Villar, 54 anos, da delegacia regional de Guarantã do Norte, registrou um total bruto de R$ 114.057,21. Na conta corrente, depois dos descontos, caíram R$ 92.651,88. No mês seguinte, o Estado gastou mais R$ 35 mil com Ronan. E outros R$ 33 mil no mês subsequente. Em julho, foram R$ 48.668,52. Em setembro, R$ 48.480,14. Em novembro, R$ 46.824,98, e, em dezembro, R$ 69.824,11.

Nos doze meses do ano, os salários de Ronan extrapolaram o teto de R$ 30.471 – o equivalente a 90,25% de um salário de ministro do STF, conforme manda a Constituição estadual. No total, o delegado custou R$ 584,4 mil ao governo estadual. Ele é o primeiro no ranking que lista os salários mais altos do Executivo mato-grossense.

A segunda posição no ranking é da procuradora Olga Geny de Almeida Alves. Na Procuradoria Geral do Estado (PGE) desde 1990 e com uma carga horária de 40 horas semanais, seu salário bruto foi de R$ 33,8 mil nos primeiros dois meses de 2016. Em março, subiu para R$ 38,9 mil. De abril a junho, estacionou em R$ 37,9 mil. Em julho, subiu para R$ 49,3 mil. Entre agosto e novembro, o holerite registrou R$ 37,9 mil por mês. Em dezembro, o Estado gastou R$ 75,3 mil com a procuradora.

Dos 20 servidores que integram o ranking dos salários mais altos do Estado, cinco são delegados, nove são procuradores da PGE e seis são auditores da Controladoria Geral do Estado (CGE). Conforme o LIVRE revelou esta semana, as três categorias lideram o recebimento de supersalários em Mato Grosso. Entre eles, além do delegado Ronan, há outros nomes conhecidos, como o de Patryck Ayala, ex-procurador-geral do Estado, e o de Ciro Rodolpho Gonçalves, auditor-geral do Estado.

Como vivem os superservidores
A procuradora Ana Flavia Gonçalves Aquino (9ª no ranking, com um salário médio de R$ 38,5 mil em 2016) gastou boa parte do que recebeu em resorts em San José del Cabo, no México, em Orlando, na Disney e em Istambul e no restaurante Pierchic (que dispõe de um cardápio especial com alimentos sem glúten), em Dubai. A procuradora Claudia Regina Ramos (17ª posição, com média salarial de R$ 38,02 mil por mês) gosta de passeios de Harley Davidson pelo estado, réveillons em Paris, cursos de maquiagem profissional, ensaios de escolas de samba no Rio de Janeiro e temporadas de descanso em Campos do Jordão. Já o procurador Aderzio Ramires de Mesquita (18º, R$ 38 mil) costuma apreciar um Blue Hawai em locais como o restaurante Mahalo, enquanto o delegado Nabor Fortunato Dias (19º, R$ 37,9 mil) prefere passear de lancha pelo Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães.

Outro lado
Primeiro colocado no ranking dos supersalários, Ronan Gomes Villar trabalha como delegado desde maio de 1988. Ele atribui o tamanho do holerite a férias acumuladas e à iminente aposentadoria. “Mereço ganhar o que estou ganhando e acho que estou ganhando pouco”, afirmou. “Mas meu salário real não é esse. Tenho 34 anos de trabalho policial, 29 deles como delegado de Polícia de Mato Grosso e 40 anos de contribuição. Estou tirando férias relativas a 1994, 1995 e 1997. Como vou me aposentar, exigiram que saísse agora de folga em vez do governo me pagar esse dinheiro em espécie”.

Villar conta que, por não existirem delegados suficientes para atender a todos os municípios do estado, poucos conseguem sair de férias no período correto. “Cheguei a acumular 12 delegacias no Alto Araguaia por falta de pessoal”, revelou. “Pedia férias, mas diziam para eu aguentar as pontas. Na região de Confresa, por exemplo, eram 16 delegacias e três delegados. No estado, somos 217 profissionais enquanto deveriam existir 400”. Villar também reclama da falta de valorização da profissão. “Quando acorda de manhã, um policial pensa se vai voltar para casa vivo ou aleijado”, lamenta. “Só queria que a sociedade me reconhecesse como herói”.

O que dizem as autoridades
Durante a posse na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nesta quarta-feira, o governador Pedro Taques comentou rapidamente o pagamento de salários acima do teto constitucional do Estado: “Supersalários?”, espantou-se Taques. “A secretaria de Gestão vai tomar as providências se tiver alguma coisa ilegal. O meu não é supersalário, viu?”.

Na mesma ocasião, o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Antonio Joaquim, também se manifestou. “Oficialmente não conhecemos supersalários”, disse. “Existe redutor constitucional, pode até ter alguém que receba alguma coisa a mais, mas em cima de outras vantagens que não são salários, como ajuda de custo, verba indenizatória, quinquênio, licença prêmio, aquilo que é chamado de acessório. O que é legal o Tribunal não pode tomar medidas. Tem gente que considera imoral, mas o Tribunal não pode fazer esse tipo de julgamento”.

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