Há algum tempo, assisti a dois filmes que me fizeram pensar novamente em histórias de amor. Em Escrito nas estrelas e Como eu era antes de você, o amor está presente intensamente, mas o desfecho não é o óbvio. Aliás, é totalmente inesperado.
Foi o necessário para me perguntar de onde veio essa ideia de que só quando dizemos “foram felizes para sempre” é que estamos diante de uma verdadeira história de amor.
Fico pensando se é culpa dos contos de fada, que nos deram essa crença de que o fim tem que ser feliz e eterno. E que não existe uma outra possibilidade.
O grande problema é que nunca soubemos o “depois” dessas fábulas.
Será que a Cinderela brigava com o príncipe, que na verdade era uma chato de galochas? Será que discordavam sobre a criação dos filhos? Será que ela ficou gorda e infeliz?
Ainda: e se a Rapunzel se arrependeu até o último fio de cabelo de ter jogado a trança, porque o príncipe era um narcisista que só enxergava o próprio umbigo? De repente, tinham uma vida miserável?
No mundo da fantasia tudo funciona. Já a realidade é outra história.
Ninguém sabe como é o cotidiano de cada família, de cada casal. Ninguém sabe o que se passa dentro das paredes de uma casa.
Pagar contas, adoecer, educar os filhos, trabalhar, cuidar da casa e ter pique para dar conta de tudo matam qualquer romance. E pode até haver algo mais triste e imprevisível ainda como a morte.
De volta aos tempos atuais: se nem o Brad Pitt e a Angelina Jolie deram conta de suportar o romance na vida real, imagine a dificuldade de quem vive algo comum, sem a fama, o dinheiro nem os privilégios das estrelas de Hollywood.
Não ficar junto até a eternidade é sinal de que um amor foi mal-sucedido?
Não necessariamente.
De repente, uma linda história foi vivida, construída, dividida, mas acabou. Seja por um acontecimento abrupto, como uma morte, ou por algo tão fatal quanto isso: o amor chegou ao fim.
Acho que Vinicios de Moraes tinha toda a razão: que seja infinito, intenso, poético enquanto dure. Mas que perdure enquanto houver amor. Seja a vida inteira ou enquanto o tempo e os sentimentos permitirem.