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Projeto faz inventário de famílias pioneiras que contribuíram para o desenvolvimento da cidade

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Projeto faz inventário de famílias pioneiras que contribuíram para o desenvolvimento da cidade

“Você é gente de quem?”

É mais ou menos assim, como quando um tradicional cuiabano “sonda” o sobrenome de seu pai ou sua mãe – para ver se é de alguma família conhecida – que vai funcionar mais um dos projetos que focam na preservação do patrimônio cultural e fortalecimento da identidade regional.

A iniciativa integra os preparativos para a celebração dos 300 anos da cidade que cresce vorazmente e a cada dia acolhe brasileiros de diversas regiões e estrangeiros de vários cantos do mundo.

Com a colaboração de pesquisadores voluntários, será realizado um levantamento das famílias pioneiras que fincaram suas raízes em solo cuiabano e que contribuíram de forma expressiva para o desenvolvimento da cidade. Eles atuam de forma cooperada com uma comissão especial criada pelo Governo de Mato Grosso para celebrar o tricentenário. O advogado e professor na Faculdade de Direito da Mackenzie, o cuiabano Antônio Ernani Pedroso Calhao, é quem coordena o projeto.

“Vamos fazer um inventário dos troncos familiares a partir de pesquisas em arquivos, órgãos públicos, núcleos de estudo, acervos bibliográficos e documentos históricos e quaisquer outros que possam identificar aquela família em um contexto histórico de Cuiabá”.

Mas segundo ele, o levantamento não vai ficar restrito à história oficial. “E é por isso que precisamos da colaboração espontânea. Os descendentes das famílias tradicionais podem começar pesquisando as memórias afetivas e documentos, como certidões de nascimento, casamento e batismo, entre outros, para ampliar as possibilidades deste estudo e garantir maior alcance”.

Segundo ele, o resultado do trabalho constará em um link do site do Arquivo Público do Estado e além disso, o inventário subsidiará a elaboração de um projeto de lei que criará uma comenda entregue a representantes de famílias pioneiras.

Nesta segunda-feira (04), Ernani apresentou a pesquisadores e historiadores, em evento no Cineclube Coxiponés (UFMT), a metodologia de coleta de dados, fontes em potencial e ainda, como funcionará a plataforma digital que será alimentada com participação pública.

“Vamos a fundo: desde antes da cidade ser fundada. Serão estudados os períodos colonial, monarquia e da república, até 1975, ano de divisão do Estado. Dividiremos em equipes e iniciaremos as pesquisas pelas fontes oficiais”, explica Ernani.

A família de Ernani, a exemplo, certamente, vai constar neste mapeamento. Os Calhao tiveram grande contribuição para história de formação da cidade e até mesmo, do pensamento crítico de seus cidadãos. 

Reprodução

Parte da família Calhao - Anna Luiza casamento jornal


“Muitos dos meus familiares – avós, bisavós, tataravós – tiveram envolvimento com a imprensa, a exemplo. No livro ‘João Tarcísio Bueno – O Herói de Abetaia’, a exemplo, há fotos da minha tia-avó Anna Calhao de Mattos e o esposo, Frederico de Mattos, além da filha, Anna Luiza Calhao de Mattos que se casou com o general João Bueno. Na década de 1930, Anna Luiza escrevia críticas de cinema no jornal do meu bisavô. Ela também consta em vários registros históricos, pois foi fundadora do antigo Clube Feminino. As mulheres de minha família sempre foram muito atuantes”, se orgulha. A mãe dela, Anna, era irmã do avô de Ernani, Alcebíades Calhao.

Nascido em Cuiabá, Ernani é um verdadeiro entusiasta da cultura local. Na década de 1990 ele e o irmão Ulisses Calhao, consolidaram o projeto Muxirum Cuiabano – que chegou inclusive, à TV. O movimento visava fortalecer a identidade cultural cuiabana e conseqüentemente sua preservação, diante do avanço de frentes colonizadoras que vieram de outros estados brasileiros. Temia-se à época, que a cultura tradicional mato-grossense fosse sufocada, especialmente, na “Baixada Cuiabana”. Também integraram o projeto personalidades importantes, como Wanda Marchetti, Silva Freire e Dunga Rodrigues, dentre outros.

Sobre o novo projeto, Ernani adianta que depois de realizado o estudo, o próximo passo é produzir um catálogo ilustrado para contar a história destas famílias, compreendendo o período entre 1719 e 1975. Mais detalhes sobre o projeto podem ser conferidos na página oficial.

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