O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) disse que Cuiabá está “sobrecarregada” com atendimento a pacientes da covid-19 por falta de estrutura hospitalar e de medidas de isolamento mais restritivas no interior de Mato Grosso.
Em entrevista à CNN Brasil, nesta sexta-feira (10), ele afirmou considerar “injusta” a obrigação judicial de fechar comércio e outras atividades não essenciais no momento em que ocorre rápida disseminação do novo coronavírus por outras cidades mato-grossenses.
“Eu já venho falando da interiorização do vírus, ao menos, há 40 dias. O Centro Oeste, e especificamente o Mato Grosso, ser epicentro do contágio era uma morte anunciada há muito tempo. Há uma desestruturação extrema de saúde no interior do Estado, não se prepararam leitos específicos para a covid-19 e a população migra desesperadamente para a Capital”, disse.
A declaração mostra um afastamento político dos gestores de outros municípios. Há cerca de um mês, quando a aceleração do contágio em Mato Grosso estava no início e não havia consenso com o governo estadual, Pinheiro ensaiou a articulação de uma rede de atendimento à pandemia em acordo a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), sem participação do estado.
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A negociação não foi para frente. Hoje, ele ressaltou que “mais de 30 municípios” têm classificação de risco muito alto (alerta vermelho) para o contágio do coronavírus, a mesma situação de Cuiabá e Várzea Grande, contudo, não foram implantadas medidas de controle mais rígido na circulação de pessoas.
Segundo Pinheiro, a proporção de casos na Capital agora é inversa à registrada no começo da pandemia. Três meses atrás, 70% dos casos confirmados da covid-19 estavam em Cuiabá e outros 30% no interior. O boletim informativo da noite dessa quinta-feira (9) mostra que Cuiabá representa 24% dos casos.
Nesta quinta-feira (9), o juiz da Vara de Saúde Pública, José Luiz Leite Lindote, estendeu o prazo de quarentena obrigatória em Cuiabá e Várzea Grande por mais sete dias.