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Perri diz que secretário de Segurança ajudou Paulo Taques a interferir na investigação

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Perri diz que secretário de Segurança ajudou Paulo Taques a interferir na investigação

Ednilson Aguiar/O Livre

Secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas durante coletiva

Secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas

O desembargador Orlando Perri afirmou que o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Rogers Elizandro Jarbas, determinou que fosse entregue cópia de investigação sigilosa sobre ao ex-chefe da Casa Civil Paulo Zamar Taques.

Além disso, segundo Perri, Jarbas interferiu na apuração dos fatos ao convocar a delegada Alana Cardoso para prestar esclarecimentos sobre a quebra do sigilo telefônico da ex-amante de Paulo Taques e de uma funcionária dele. O governo divulgou nota negando as acusações sobre o secretário.

Cópias sigilosas

O ex-chefe da Casa Civil queria saber se havia investigação contra ele no caso de grampos ilegais em Lucas do Rio Verde. “E o curioso, para não se dizer inusitado, é que o Secretário de Segurança Pública, simplesmente, ‘proferiu decisão’ no pedido feito, determinando o fornecimento de cópias, mesmo sabendo que os fatos eram sigilosos”, disse Perri.

O magistrado transcreveu o despacho de Jarbas determinando ao delegado Flavio Stringueta, então responsável pelas investigações, que fornecesse cópias do processo.

Na decisão em que decretou a prisão do ex-secretário, cumprida nesta sexta-feira (4), Perri destacou a influência de Paulo no governo, mesmo depois de deixar o cargo, em 11 de maio.

“Mesmo após ‘sair’ do governo, ao invés de buscar acesso aos autos do inquérito policial sigiloso, como todo e qualquer cidadão comum, ou seja, por meio de petição dirigida ou ao delegado que preside o inquérito, ou ao Poder Judiciário, vem se valendo de sua influência com outras autoridades para obter benefícios indevidos”, disse Perri.

O magistrado viu na atitude de Paulo a tentativa de ter acesso a procedimentos sigilosos e, ao mesmo tempo, mandar recado ao delegado de que tinha acesso irrestrito ao superior dele, o secretário de Segurança Pública.

Sobre esse fato, o governo informou que Rogers “apenas remeteu o requerimento para manifestação do delegado responsável pela investigação, que negou o pedido em virtude do inquérito estar sob sigilo, informação esta que não era de conhecimento do secretário”.

Depoimentos

Orlando Perri afirmou que Jarbas interferiu na investigação dos grampos ao convocar a delegada Alana Cardoso para prestar esclarecimentos sobre as operações Forti e Querubim, no dia 26 de maio, mesma data em que o governador Pedro Taques (PSDB) determinou a ele que tomasse providências, depois de ser informado de “barriga de aluguel” nessas operações pela juíza Selma Arruda.

O desembargador viu nas perguntas formuladas pelo secretário à delegada a intenção de “investigar, por via oblíqua, a participação e a conduta do promotor de Justiça Mauro Zaque de Jesus, ex-Secretário de Segurança e Pública e responsável por trazer à tona o desprezível grupo criminoso formado para implantação de escutas ilegais”.

Sobre esse fato, o governo disse ainda que não houve “qualquer irregularidade” no depoimento da delegada. 

Prisão
Paulo Taques foi preso nesta sexta-feira (4), suspeito de envolvimento no esquema de grampos ilegais usando o método “barriga de aluguel”, em que números de telefones de cidadãos comuns, sem relação com a investigação, são inseridos em operações que interceptam organizações criminosas.

O esquema teria começado nas eleições de 2014 e continuado em 2015. Entre eles, o da ex-amante do secretário, Tatiana Sangalli, da deputada estadual Janaina Riva (PMDB), do jornalista José Marcondes “Muvuca” e dos advogados José do Patrocínio e José Antonio Rosa.

Orlando Perri indica dois crimes que o ex-secretário teria cometido: denunciação caluniosa, que é denunciar alguém às autoridades sabendo que a pessoa é inocente, e realizar interceptação telefônica com objetivos não autorizados por lei. 

No caso do primeiro crime, ele se refere aos depoimentos prestados pelas delegadas Alana Cardoso e Alessandra Saturnino. Elas afirmam que Paulo acusou a ex-amante, Tatiane Sangali Padilha, e uma funcionária de envolvimento numa trama contra o governador Pedro Taques. Com base nisso, os telefones das duas foram grampeados na Operação Querubim – o que teria incorrido no segundo crime.

Paulo Taques negou as acusações e disse que não realizou nem pediu a realização de grampos ilegais. Também declarou que sua prisão foi desnecessária e arbitrária.

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