O empresário José Ferreira Gonçalves Neto, sócio majoritário da EIG Mercados (antiga FDL) e alvo da Operação Bereré, afirmou que o ex-deputado federal Pedro Henry (ex-PP) foi o responsável por montar o esquema de corrupção no contrato entre o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda. A afirmação foi feita em depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), em 27 de março.
Interessado em obter contratos em diversos estados, José Ferreira disse que, em 2008, procurou o então presidente nacional do PP, Henrique Pizzolato, que o orientou a pedir ajuda de Henry para conseguir contrato no Detran de Mato Grosso. Ele disse que Henry providenciou o lançamento do edital e a licitação direcionada para que a FDL vencesse. Em troca, ele relatou que o parlamentar pediu ajuda financeira, que seria paga a Marcelo da Costa e Silva.
Henry acompanhava a licitação de perto. “Pedro Henry perguntava para o interrogando se Marcelo estava trabalhando direito, bem como se estava ajuntando a FDL/EIG a iniciar seus trabalhos no estado de Mato Grosso, sendo que o interrogando respondia que sim, sendo que nessas conversas Pedro Henry sempre cobrava o interrogando, dizendo que precisaria de ajuda financeira em razão do auxílio que estava prestando ao interrogando no Estado de Mato Grosso”, diz trecho do depoimento.
Segundo o empresário, eles combinaram que a propina seria paga por meio da empresa Santos Treinamento e Capacitação de Pessoal Ltda, que receberia 30% do contrato entre a FDL e o Detran. Porém, Marcelo sempre pressionava por mais propina, segundo José Ferreira. Ele disse que, logo depois de assinar o contrato com o Detran, Marcelo pediu R$ 600 mil para entregar a Henry.
Pedro Henry é apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como parte de núcleo de liderança do esquema no Detran. Segundo as investigações, o suposto esquema, iniciado no governo Blairo Maggi (PP), continuou no governo de Silval Barbosa, que passou a ser beneficiário de propina, e foi modificado no governo Pedro Taques (PSDB), quando o primo do governador e então chefe da Casa Civil, Paulo Zamar Taques, assumiu a chefia.
Operação Bereré
O Gaeco deflagrou a Operação Bereré em 19 de fevereiro, para desmantelar um esquema de corrupção no Detran. Em 9 de maio, uma parceria com o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) gerou a segunda fase da operação, chamada de Bônus. Seis pessoas foram presas, entre elas, Paulo Taques, seu irmão Pedro Jorge Zamar Taquesm e o deputado estadual Mauro Savi (DEM).