Ednilson Aguiar/O Livre

Eduardo Botelho AL

O suposto esquema de corrupção investigado na Operação Bereré teve diversos beneficiários, segundo o delator Teodoro Moreira Lopes “Dóia”, ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Doia afirmou que o dinheiro alimentou as campanhas eleitorais do ex-governador Silval Barbosa e do deputado estadual Mauro Savi (PSB), que teriam recebido, cada um, R$ 750 mil em espécie.

O dinheiro teria sido desviado por meio do contrato entre o Detran e a FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda. firmado em 2009, e que está em vigor até hoje – atualmente a empresa se chama EIG Mercados. O contrato é para registro de financiamentos de veículos e a licitação teria sido direcionada para montar o esquema.

No pedido cautelar, o Ministério Público Estadual (MPE) diz que o retorno aos agentes públicos em forma de propina era de 30% do valor faturado pela FDL. Segundo o pedido, esse dinheiro era repassado à empresa fantasma Santos Treinamento e Capacitação de Pessoal Ltda, criada apenas para gerenciar o contrato entre o governo e a FDL, e recebia 30% do valor do contrato. O papel da empresa seria lavar o dinheiro da propina e distribuir aos beneficiários.

Segundo o MPE, a Santos Treinamento não tem despesas com contas de aluguel, água, telefone, energia elétrica, contador ou impostos, não tem nenhum empregado e 99,98% das suas despesas foram repasses a sócios.

Por meio da quebra de sigilo bancário de investigados, o MPE rastreou movimentações financeiras entre os suspeitos, familiares e terceiros. “Os dados […] mostram o dinheiro público […] indo e voltando reiteradamente entre os investigados, sendo esfregado na tentativa de retirar-lhe a sujeira que cobre a sua origem”, diz trecho do pedido.

O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), que foi alvo de busca e apreensão nesta manhã, foi sócio da Santos entre 2009 e 2014. Outro deputado alvo da operação, Mauro Savi (PSB), é acusado de receber propina e ter exercido “domínio de fato sobre o Detran”, tendo sido responsável pela indicação de Dóia para o órgão em 2007.

Os dois deputados são apontados pelo MPE como parte do núcleo de liderança, formado ainda pelo ex-governador Silval Barbosa, pelo ex-deputado federal Pedro Henry e por Doia. Havia também um núcleo operacional e um núcleo subalterno (confira lista das pessoas que o MPE pediu a prisão ao fim da matéria).

Segundo o MPE, o esquema teve origem em 2009, no governo Blairo Maggi (PP), em um acordo firmado em uma reunião entre Doia, Savi, Marcelo da Costa e Silva, Roque Anildo Reinheimer. O MPE relata, ainda, que, em 2011, Marcelo Costa e Silva procurou o irmão do então governador, Antonio da Cunha Barbosa, o “Toninho”, se apresentando como emissário de Pedro Henry, e sugeriu que houvesse continuidade no esquema, o que foi aceito.

O delator Rafael Yamada Torres foi o intermediário da propina da FDL para Silval e Toninho. Ele relatou que aceitou ser sócio da Santos Treinamento em troca de 10% do valor repassado ao ex-governador e seu irmão.

Doia afirmou também que o dinheiro alimentou as campanhas eleitorais do ex-governador Silval Barbosa e do deputado estadual Mauro Savi, que teriam recebido, cada um, R$ 750 mil em espécie.

Confira a participação das pessoas investigadas, segundo o MPE:

Núcleo de liderança – responsáveis pela formulação ou aprovação do esquema, garantindo sua implantação.

Mauro Savi
Eduardo Botelho
Silval Barbosa
Pedro Henry
Teodoro Lopes

Núcleo operacional – responsáveis pelas medidas necessárias para realização do esquema, vinculados aos líderes.

Antonio da Cunha Barbosa Filho
Marcelo da Costa e Silva
Antonio Eduardo da Costa e Silva
Claudemir Pereira dos Santos
Silvio César Correa Araujo
Rafael Yamada Torres
Dauton Luiz Santos Vasconcellos
Roque Anildo Reinheimer
Merison Marcos Amaro
José Henrique Ferreira Gonçalves
José Ferreira Gonçalves Neto

Núcleo subalterno – responsáveis por funções de menor complexidade, como movimentação do dinheiro. Alguns são apontados “laranjas” para fazer chegar a propina aos destinatários finais.

Adjaime Ramos de Souza
Adriana Rosa Garcia de Souza
Andreo Darci Mensch Leite
Cleber Antônio Cini
Elias Pereira Dos Santos Filho
Francisvaldo Mendes Pacheco
Ivan Lopes Dias
Janaina Polla Reinheimer
Jorge Batista da Graça
José Euclides dos Santos Filho
Leanir Rodrigues do Nascimento Saddi
Luiz Otávio Borges de Souza
Moises Dias da Silva
Nelson Lopes de Almeida
Odenil Rodrigues de Almeida
Paulo Henrique Botelho Ferreira
Ricardo Adriane de Oliveira
Sônia Regina Busanello de Meira
Tschales Franciel Tscha
Walter Nei Duarte Ramos
Maria de Fátima Azoia Pinoti
Joana Darc Borges
Roberto Abraão Juniot
Edson Miguel Veiga da Conceição
Luciano Scampini
Claudinei Teixeira Diniz
Valquiria Marques Souza Diniz
Gladis Polla Reinheimer
Juliana Polla Reinheimer
Rafael Badotti
José Gonçalo de Souza
Claudio Roberto Schommer
Jurandir da Silva Vieira
Marcelo Henrique Cini
Romulo César Botelho
Eduardo Rodrigo Botelho
Rebeca Maria Souza Arruda
Laura Tereza da Costa Dias
Eder de Moraes Dias Junior
Valdir Daroit

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