Judiciário

Operação mira madeireiros e indígenas acusados de desmatamento ilegal no Xingu

Segundo a PF, madeireiros e alguns líderes indígenas estariam obtendo grandes lucros com a atividade ilegal e impondo silêncio à maioria indígena descontente

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Operação mira madeireiros e indígenas acusados de desmatamento ilegal no Xingu
(Foto: PFMT)

A Polícia Federal concluiu hoje (23) a Operação Prepori, que teve o objetivo de combater os crimes de desmatamento, corte seletivo e furto de bem da União no Parque Indígena do Xingu (PIX) na região de Feliz Natal, Nova Ubiratã, Paranatinga e União do Sul.

As investigações constataram a atuação de uma organização criminosa composta por madeireiros locais e alguns líderes indígenas. Mais de 90 agentes da Polícia Federal e do Ibama participaram da operação, que teve início na última segunda-feira (19) e contou com ainda com o apoio Funai, Técnicos em Comunicação do Siospe/MT e do Exército Brasileiro.

Foram utilizadas duas aeronaves do Ibama e uma do Ciopaer. A operação surgiu a partir de inúmeras denúncias de extração ilegal de madeira na região do Entre Rios em Nova Ubiratã em que uma Organização Criminosa composta por madeireiros locais e alguns líderes indígenas estariam auferindo grandes lucros com a atividade ilegal e impondo silêncio à maioria indígena descontente.

(Foto: PFMT)

Apesar de alguns líderes indígenas serem acusados de participar da organização criminosa, a ação da Polícia Federal no território indígena também é uma reivindicação dos próprios caciques e lideranças dos 16 Povos indígenas do PIX, conforme carta da 8ª Governança Geral do Território Indígena do Xingu (GGTIX).

Peritos da Polícia Federal elaboraram laudos constatando em imagens de satélite a ocorrência de grande número de clareiras de extração recente de madeira em uma área degradada total de cerca de 7,8 mil hectares, madeira essa que em valores conservadores equivale a cerca de 170 milhões de reais.

Além disso, também foram constatadas áreas de extensão equivalente com cicatrizes de queimadas, que também possuíam indícios de exploração ilegal de madeira.

O prejuízo proveniente da evasão/destruição de recursos florestais somado à degradação ambiental dentro da terra indígena foi valorado em cerca de 1,7 bilhão de reais.

Equipes fizeram infiltrações por terra e ar em pontos específicos das terras indígenas indicados por análise de imagens de satélite de altíssima resolução do programa Brasil M.A.I.S. da Polícia Federal.

Os policiais constataram grande número de esplanadas de madeira com grande volume de toras recém abatidas, pátios de desdobramento de lascas e palanques feitos de essências florestais de grande valor como Itaúba, Morcegueira, Cambará e Angico.

Durante a Operação foram destruídos tratores, maquinários e um caminhão toreiro. Os dados, imagens e trilhas mapeadas integrarão um dossiê sobre a degradação do vale do alto Rio Xingu, que reforçará inquérito policial a fim de agregar provas e solicitar a prisão dos autores, bem como a perda de seus bens.

(Foto: PFMT)

Após a ação policial e administrativa no Parque Indígena, as investigações prosseguirão para responsabilizar os financiadores e demais envolvidos na extração ilegal de madeira no território indígena, ação criminosa que provoca grandes danos ao meio ambiente e à população indígena da região, além do desequilíbrio no mercado financeiro.

O nome dado à operação se refere ao cacique da etnia Kayabi, que teve atuação destacada e decisiva na pacificação e consolidação da comunidade de povos do Parque Indígena do Xingu.

(Com Assessoria)

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