Divulgação/Pixabay
Cerveja combina com comida? Ô, se combina! Muito, mas muito mais do que você imagina. E eu vou contar como e porque. A arte de combinar bebidas com alimentos é chamada de harmonização porque, como o nome sugere, deve haver uma harmonia entre os sabores da comida e da bebida. Nesse campo – e me desculpem os amantes de vinho – a cerveja ganha de qualquer outra bebida. Pode parecer que não, mas você vai compreender.
Existem cerca de 150 estilos de cerveja, e cada estilo é a reunião de características específicas de sabores (falaremos sobre estilos, nos próximos capítulos, ok?). Esses estilos são tantos porque a cerveja pode atingir incontáveis sabores pela combinação de seus ingredientes e nós falamos sobre eles, lembra (aqui, aqui e aqui)?
O malte por exemplo pode trazer notas de pão, casca de pão, castanhas, caramelo, chocolate e até café. Os lúpulos contribuem com vários níveis de amargor e podem trazer aromas que remetem a flores e frutas. A fermentação, pode contribuir com notas frutadas e condimentadas e olhe que ainda estamos falando dos ingredientes básicos. Existem estilos de cerveja em que se pode adicionar temperos, frutas, condimentos e diversas especiarias. Só por aí já deu pra ter uma ideia de combinações, não? Mas eu vou deixar ainda mais claro.
Para pensar melhor nas combinações, é importante destacar algumas características de cada estilo. Por exemplo, aquela cerveja “tipo pilsen” ou American Standart Lager do churrascão, não harmoniza com o churrasco em si, porque é uma cerveja muito leve, com sabores sutis. Na verdade ela harmonizaria com uma salada, ou um queijo branco. Na hora de comer a carne, a harmonia viria com uma cerveja de corpo mais alto e com predominância de maltes, de preferência maltes tostados/torrados ou defumados. Percebe a semelhança? As notas tostadas, torradas e defumadas combinariam com as mesmas notas da carne assada, porque o malte em questão passou pelo mesmo processo da carne, um processo de caramelização.
A harmonização pode ser feita por semelhança, quando os sabores da bebida e da comida são próximos, ou por contraste, como por exemplo usar uma cerveja torrada, com notas de café e chocolate para harmonizar com um queijo duro tipo parmesão. Na boca surgirá um terceiro sabor, remetendo nesse caso, a doce de leite por exemplo. Aliás, cerveja vai muito bem com doces também, acredite.
Mas para que você possa experimentar harmonizações em casa, a dica é a seguinte: a cerveja precisa acompanhar a intensidade do prato. Pratos mais gordurosos, pedem cervejas mais alcoólicas e amargas, pois esses dois fatores ajudam a limpar a gordura da língua e preparar a boca para a próxima garfada. Alimentos caramelizados como a carne grelhada, pedem cervejas maltadas, que também tem notas carameladas. Carnes delicadas e de sabores sutis, como peixes, pedem cervejas mais leves e claras, como por exemplo uma cerveja de trigo (Weiss) ou uma Witbier, cerveja que leva sempre casca de laranja e semente de coentro na receita.
A harmonização é uma arte e não tem uma receita certa, é preciso testar e garanto que terá experiências inacreditáveis se tentar. Em suma, siga a regra da intensidade e da semelhança, que certamente vai acertar. Saúde e bom apetite!