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Loja de doces de Cuiabá começou com 2 caixas de leite condensado

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Loja de doces de Cuiabá começou com 2 caixas de leite condensado
Maria Gracinha

Uma crise financeira, uma separação e um doce recomeço. Um misto de emoções marca a história de uma doceria instalada em um shopping da Capital que começa com duas caixinhas de leite condensado.

Da feitura caseira dos clássicos beijinhos e brigadeiros, até chegar ao desenvolvimento de sua própria linha, com direito a doces finos, brigadeiros gourmets e saborizados com destilados, a empresária Denise Arruda viu sua marca obter cada vez mais espaço no mercado em apenas dois anos, desde a sua criação. 

A Maria Gracinha Delicadezas Açucaradas atualmente tem uma área privilegiada com mesas e cadeiras no 1º piso do Goiabeiras Shopping. Mas Denise precisou gastar muita sola de sapato, pegar muitos ônibus e levar aquela que foi a primeira food bike da cidade para circular, para que pudesse chegar até o nível de sucesso que celebra hoje.

“Depois da fase de vender doces de porta em porta no condomínio e de circular pela cidade de ônibus para levá-los a empresas, eles foram parar na garupa de uma bicicleta, com os brigadeiros dentro de uma mala. Foi aí que passarmos a ser conhecidos”, relembra.

Maria Gracinha

Denise Arruda começou a vender docinhos na vizinhança, partiu para empresas em diversos pontos da capital, criou foodbike e hoje, a loja está instalada no shopping

 

O início foi difícil. A ex-publicitária e o marido Leonardo Valério não estavam se entendendo bem, porque ela o havia convencido a investir todas as economias em uma sociedade com outros amigos, que não vingou. O grande estresse que passaram os levou à separação.

Ela ficou com as três filhas e, além da falta de dinheiro, amargava o sentimento de culpa. “Foi então que eliminei a publicidade da minha vida, mas é claro, o conhecimento na área me ajudou a tomar decisões acertadas no planejamento do negócio”.

Desempregada e com a guarda das filhas, Denise estava passando por dificuldades, mas, no aniversário de uma das filhas, resolveu fazer os docinhos. O doce foi aclamado pela família. “Todo mundo dizia que era bom acima da média, mas eu não tinha coragem de experimentar nem um. Tinha muito medo, achava que era só um estímulo que estavam me dando, eu não acreditava”.

As coisas permaneciam bem turvas para a família e, a esta altura, para a autoestima de Denise. “Minha mãe disse para eu fazer mais docinhos para vender para os vizinhos, eu disse, ‘mas mãe, eu não tenho dinheiro algum’”.

“Mas eu tenho duas caixinhas de leite condensado”, disse a mãe. “Lembro até hoje, eram duas caixinhas de Piracanjuba”, ri muito.

No mesmo dia, começou a oferecer nas casas do condomínio. “Sempre vinha alguém querendo mais. Acho que no primeiro dia consegui vender R$ 30 reais e a partir daí, já fui aumentando a produção. Semanas depois, resolvi incrementar a embalagem e surgia aí a Maria Gracinha”, relembra.

Com apoio de amigos, passou a extrapolar as fronteiras e chegou a outros pontos da Capital, andando a pé, de ônibus, o dia inteiro se preciso fosse. “Ainda nem eram gourmets, eram de panela. Fui do chocolate em pó e leite condensado à linha belga”.

E assim, foram surgindo novos pedidos para atender em festas. “Perguntavam: faz doce para festa? Faz cupcake? Faz pirulito? E eu, dizia sempre: sei! E lá ia eu para o Youtube” ri muito. Grudou também em um caderno de receitas que não havia sido aberto até o momento.

“Daí, os suportes foram mudando também. Aprimorei as embalagens, vendi brigadeiro dentro de carrinho de picolé e logo, estudando negócios criativos pela internet, descobri as food bikes. Peguei uma bicicleta antiga que estava encostada em casa e a customizei com cestinha e ganhamos uma mala onde colocávamos os doces”.

Maria Gracinha

Ganhamos? Sim, a esta altura, Denise e o marido Leonardo Valério estavam se reconciliando. Unidos, fizeram o negócio tomar vulto. “Daí passamos a comprar mais ingredientes, diversificar os produtos, investir na qualificação dos doces e entre uma parceria e outra, onde divulgávamos o negócio, fomos crescendo”. Ano passado a exemplo, criou uma linha fitness e brigadeiros com ingredientes regionais, como licor de pequi, cachaça pantaneira artesanal e furrundu com doce vindo direto de Poconé.

“A produção cresceu dos 30 diários para 3 mil. Já o consumo de duas caixas de leite condensado, saltaram para 450 caixas. Agora, entramos o ano com a marca consolidada, com novo layout e novos produtos, citando os brigadeiros produzidos com champanhe e vinho, dentre outros”, comemora.

Denise acredita que o segredo é nunca dizer “isso eu não faço”. A ideia é se superar sempre.

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