O governo estadual trabalha para convencer a base aliada que não há necessidade de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso dos grampos ilegais. O esquema começou nas eleições de 2014. Em 2015, novos nomes foram incluídos nas escutas. Em reunião na tarde de segunda-feira, 15, antes de embarcar para os Estados Unidos, o governador Pedro Taques (PSDB) e novo chefe da Casa Civil, José Adolpho Vieira, reuniram cerca de dez deputados aliados no Palácio Paiaguás para explicar que já tomaram providências para investigar o caso. 

“O governador disse que já determinou investigações sobre o caso”, relatou Oscar Bezerra (PSB), um dos que participou do encontro. “Os órgãos competentes também já estão apurando. Acho que não tem necessidade abrir uma CPI antes que a investigação se aprofunde. Há muita especulação sobre isso. Se houver fatos novos que embasem uma CPI, ela será inevitável. Mas não é o caso de abrir uma CPI agora”, explicou.

A CPI é uma reivindicação da deputada estadual Janaina Riva (PMDB), uma das pessoas grampeadas ilegalmente. Ela conta com cinco assinaturas, e precisa de mais três para emplacar a investigação. Já se comprometeram em apoiar a CPI os oposicionistas Valdir Barranco (PT), Allan Kardec (PT), Silvano Amaral (PMDB) e Zeca Viana (PDT).

O líder do governo, Dilmar Dal’Bosco (DEM), reforça a tese de que não há necessidade de CPI. Apesar de não ter chegado a tempo do encontro com Taques, o deputado se reuniu com José Adolpho depois para tratar da questão. Dal’Bosco disse que vai conversar com todos os deputados da base e, na tarde hoje, deve debater o assunto na reunião do colégio de líderes.

“O governador não pediu para que ninguém deixasse de assinar. Só explicou essa situação. Não vejo que fato novo uma CPI pode trazer a esse assunto. Já está sendo investigado. Se abrir CPI, no final vai mandar o resultado para os mesmos órgãos competentes que já estão investigando”, argumentou.

Dal’Bosco ainda criticou a atitude política de Janaina, que já tentou emplacar outra CPI, sem sucesso, para investigar o rombo na previdência estadal. “Tudo o que aparece, a deputada Janaina quer abrir CPI. Eu também fui envolvido injustamente na Operação Terra Prometida e fiquei calmo. Não criei uma CPI para investigar o Incra”, disparou.

Barriga de aluguel
As interceptações telefônicas ilegais foram autorizadas pela Justiça em uma tática conhecida como “barriga de aluguel”, quando números de telefones de pessoas comuns, sem qualquer ligação com a investigação, são colocados num pedido de quebra de sigilo à Justiça. No caso revelado, Janaina Riva e outras pessoas foram incluídas em uma investigação sobre tráfico de drogas para terem o sigilo telefônico quebrado.

Também foram alvo de grampos o advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, o vereador cuiabano Clovito Hugueney (falecido), o jornalista José Marcondes “Muvuca”, o desembargador aposentado José Ferreira Leite e até mesmo a uma ex-amante do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques. Confira a lista divulgada pelo LIVRE. 

O caso foi denunciado pelos promotores Mauro Zaque e Fábio Galindo, que à época eram secretário e adjunto da pasta de Segurança Pública do governo estadual, respectivamente. Zaque afirma ter avisado o governador Pedro Taques (PSDB), por diversas vezes, sobre os grampos. O governador afirmou que denúncias verbais eram “fofoca” e que a documentação com a denúncia nunca chegou às suas mãos.

O escândalo dos grampos, que veio à tona na semana passada, deflagroua maior crise do atual governo, e levou à saída do advogado Paulo Zamar Taques da chefia da Casa Civil de Mato Grosso. Primo e pessoa de confiança do governador, Paulo foi, até a exoneração, o homem forte do governo. Entenda como se desenrolou a crise dos grampos. 

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