Uma auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE) apontou suposto desvio de 18.954 frascos de Somaptropina 12 UI, medicamento usado para tratamento de doenças raras em pacientes de Mato Grosso.
O levantamento analisou a aquisição, armazenamento e distribuição do remédio entre abril de 2017 e setembro de 2019. Nesse período, o prejuízo aos cofres públicos, segundo o documento, ultrapassa os R$ 3 milhões.
A Somatropina Humana 12 UI é usada no tratamento da Deficiência do Hormônio de Crescimento e da Síndrome de Turner.
A principal função do medicamento é promover o crescimento e desenvolvimento corporal – em crianças – e a regulação de proteínas, lipídeos e carboidratos – em adultos.
Em outras palavras, o medicamento também tem efeitos estéticos em adultos, por isso, segundo médicos, é comum pessoas saudáveis se interessarem em utilizá-lo para reduzir gordura corporal e facilitar o ganho de massa magra.
A suspeita da CGE é que essa demanda, associada ao alto custo do medicamento, tenha feito a Somatropina “desaparecida” ter sido desviada dos estoques públicos.
De acordo com a auditoria, a média paga pelo governo de Mato Grosso por unidade do medicamento foi de R$ 158,58. Por ser de alto custo, a Somatropina é fornecida gratuitamente aos pacientes que necessitam do remédio.
Funcionário suspeito
A auditoria apontou também possíveis falhas nos processos de prescrição e avaliação dos pedidos de Somatropina Humana 12UI.
Segundo o relatório, um servidor responsável pela avaliação e deferimento das solicitações do medicamento também fazia prescrições em atividade privada.
Só essa pessoa avaliou e deferiu a entrega de 5.897 frascos do remédio. O equivalente a R$ 604 mil gastos pelo poder público.
Investigação interna
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que tem ciência do relatório da CGE e analisa os desvios desde abril de 2017.
A Pasta informou ainda que acatou as recomendações da Controladoria e está à disposição do órgão para apuração dos fatos.