Ednilson Aguiar/O Livre
Bárbara Braun: força e superação após grave acidente de carro
A vida da jovem Bárbara Braun Mendes, hoje com 23 anos, sofreu um revés quando o carro no qual ela estava acompanhada de um amigo e uma amiga se chocou com uma árvore na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, em 2012. O carro passou por uma poça d’água espessa e o motorista, à época menor de idade, não conseguiu controlar o veículo.
No acidente, Bárbara sofreu um traumatismo craniano grave, que afetou o chamado “corpo caloso”. O nome da estrutura que conecta os dois hemisférios do cérebro humano é dito, hoje, por ela, com a naturalidade de quem se encaminha para o terceiro ano da faculdade de Medicina, depois de anos de recuperação e reaprendizado.
As memórias do Ensino Médio, que ela havia concluído há menos de um mês, ficaram confusas e alguns momentos chegaram a ser esquecidos. Até mesmo a festa de formatura é turva na memória da jovem. Contudo, Bárbara se recorda facilmente do dia do acidente: 27 de janeiro.
“A data se tornou um segundo aniversário pra mim. Todo mundo ao redor, minha família, meus amigos, todos ficaram muito tocados com o que aconteceu”, diz. Anualmente, os familiares e pessoas mais próximas de Bárbara fazem uma pequena comemoração para lembrar o dia que é considerado um segundo nascimento.
“Esse período todo me fez refletir muito sobre o quão frágil a vida é – e me fez valorizar a minha família e os meus amigos”, diz a estudante.
Ednilson Aguiar/O Livre
A recuperação levou cerca de um ano, incluindo um mês em coma em um hospital da capital. Depois de ter alta, ainda foi preciso passar por incontáveis sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, até que ela pudesse retomar a vida cotidiana.
“Eu tive que reaprender a respirar de novo, literalmente. A memória demorou a se reestabelecer. Minha mãe conta que alguns amigos vinham me visitar e chegava à noite eu perguntava quem é que tinha conversado comigo mais cedo”, lembra.
A recuperação do físico teve de ser acompanhada por uma recuperação psicológica. Quando “caiu em si”, a jovem se deu conta de que estava com 15 quilos a menos e com o cabelo raspado em boa parte da cabeça. “Eu também via meus amigos do Ensino Médio saindo e fazendo faculdade. Isso me deixou muito mal”, diz. O acompanhamento de um psiquiatra foi fundamental no processo pós-traumático.
Medicina
Depois da recuperação, Bárbara fez dois anos e meio de cursinho, até ser aprovada em uma universidade do Acre. Por lá, a jovem cursou apenas um semestre antes de conseguir se transferir para uma faculdade em Várzea Grande.
“Eu quero fazer pelos meus pacientes a mesma coisa que os médicos fizeram por mim”, diz. “Eles foram verdadeiros anjos”.
A ideia de seguir medicina, contudo, vem de antes. Os pais da jovem se separaram quando ela tinha apenas seis anos de idade. Pelas dificuldades ocasionadas pela separação, por muitas vezes o pai de Bárbara, Osvaldo Cesar Mendes, precisava levar a garota ao seu lado durante suas consultas com pacientes – ele é médico pediatra. O contato com a profissão, logo cedo, despertou a vocação.
“Eu usava um caderninho pra escrever, como se fosse um diário, tenho até hoje guardado. Lá eu já tinha escrito o que queria ser quando crescesse: pediatra e veterinária. Os dois juntos!”, diz, rindo.
Ela pondera que o caminho ainda tem outras dificuldades a serem enfrentadas. “A medicina é um trabalho árduo, mas é muito recompensador. Hoje em dia, eu respiro medicina”.