O isolamento social causado pela pandemia da covid-19 fez surgir um fenômeno: o das reformas de casas pelo país. Pesquisas do setor apontavam que, passando mais tempo dentro de suas residências, os brasileiros começaram a se sentir mais incomodados com detalhes que gostariam de mudar em suas casas e o resultado disso foi um boom das reformas em 2020.
Agora, com a reabertura da economia, o setor da construção civil começa a sentir o efeito contrário. As vendas de cimento, por exemplo, embora tenha registrado aumento em 2021, voltaram a patamares vistos antes do período de isolamento social.
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Uma das explicações para Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), é que a renda da população foi redirecionada para outros gastos. Serviços como entretenimento e viagens, altamente impactados pela pandemia, voltaram a fazer parte dos dispêndios das famílias e disputar uma parcela da sua renda.
Além disso, “fatores que estiveram por trás do excepcional desempenho em 2020 começaram a enfraquecer em 2021. O elevado nível de desemprego, a diminuição da renda, o aumento expressivo da inflação, da taxa de juros e o alto endividamento das famílias foram as principais razões para o arrefecimento do consumo de cimento”, ele explica.
Auxílio emergencial
Para o setor do cimento, o auxílio emergencial pago pelo governo federal durante 2020 foi essencial para o resultado positivo daquele ano. Tanto é que a região foi a registrou o maior crescimento e, em 2021 (quando o benefício parou de ser pago), foi a com o pior desempenho.
Paulo Camillo Penna sustenta: a redução do auxílio, tanto em valor quanto em abrangência, impactou diretamente esse resultado.
O destaque positivo, no entanto, foi para a região Sul do país, que teve o maior crescimento. Lá, no entanto, houve uma maior movimentação em construções de infraestrutura, principalmente em rodovias estaduais e pavimento urbano.
Perspectiva para 2022
O setor da construção começa 2022 num cenário bem mais desafiador. A economia está em recessão técnica, a taxa de juros está em ascendência, o que impacta os financiamentos imobiliários. Já o poder de compra dos consumidores está diminuindo. Um cenário para que, segundo Paulo Penna, faz com que a populaçã passe a focar suas despesas em bens essenciais como alimentação e vestuário, sobrando menos dinheiro para gastos com construção ou reformas.
“É fundamental termos outros indutores de demanda por cimento, pois estimamos que em 2022, devido a situação política e o grande desafio econômico não favorável no horizonte, fiquemos estagnados entre 0% e 0,5%”, ele diz.
Nesse sentido, segundo o presidente do sindicato, é imprescindível a volta do investimento em infraestrutura e habitação por parte do governo.
(Com Assessoria)