Comportamento

Seu vizinho começou uma reforma? Barulho está na lista de reclamações da quarentena

Desde o início do isolamento social, síndicos têm ouvido muito mais queixas e em algum casos, as obras foram completamente proibidas

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Seu vizinho começou uma reforma? Barulho está na lista de reclamações da quarentena
Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

O tempo livre em casa para atender as regras de isolamento social em tempos de pandemia, ao que parece, fez brotar o “arquiteto” que vive dentro de muitos cuiabanos. E o desejo por reformar ou modificar um espaço da casa se tornou o desafio quase que diário de muitos síndicos de condomínios residenciais.

As queixas entre vizinhos por conta do barulho das obras ou de moradores que foram impedidos de realizá-las é uma das principais que os administradores dessas comunidades têm que contornar, segundo disseram ao LIVRE dois empresários que atuam no setor.

Leandro Cruz, proprietário da Atualiza Administradora de Condomínios – empresa que atua em aproximadamente 60 conjuntos residenciais em Cuiabá –, explica que a orientação aos síndicos tem sido impedir que novas obras se iniciem.

Mas para as que já estavam em andamento, não existe uma normativa geral. Alguns condomínios, impuseram uma paralisação enquanto outros permitiram o andamento, desde que com restrições ao fluxo e aglomeração de pessoas.

“E como todas as pessoas estão muito mais tempo em casa, o barulho aumenta o estresse”, ele pontua.

Diversão em áreas de lazer?

A exemplo das reformas – que podem ou não acontecer, dependendo de onde se mora –, condomínios residenciais também não têm uma regra única quando o assunto é o uso de áreas de lazer.

Segundo a diretora do Sindicato de Habitação em Mato Grosso (Secovi-MT) Gessi Carmen Rostirolla, as orientações que síndicos e administradoras de condomínios têm que seguir são as passadas por instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas cada conjunto habitacional pode ter suas próprias regras.

“A grande recomendação é que não haja aglomeração, evitando o uso de áreas comuns. Todavia há condomínios que optaram por não cessar completamente o uso, somente restringir o número de usuários, por reservas antecipadas e tomando as medidas de prevenção cabíveis”, ela pontua.

(Foto: Reprodução)

Na empresa de Leandro Cruz, a ordem foi fechar. Uma medida, segundo ele, que levou em consideração um trecho do Código de Processo Civil brasileiro “que diz que os condomínios não podem utilizar as áreas comuns de maneira prejudicial à salubridade, segurança e ao sossego”.

Algo que, na avaliação dele, deve ser revisto a partir do dia 4 de maio. A data é quando prestadores de serviços estarão liberados para voltar a trabalhar, conforme o último decreto com medidas preventivas ao novo coronavírus publicado pela Prefeitura de Cuiabá.

Cruz acredita que, a partir dela, muitos condomínios que fecharam espaços como salões de festa, quadras poliesportivas e academias devem rever essas medidas.

Mudanças e delivery

Outro problema, bem mais complicado na avaliação de Leandro Cruz, têm sido as mudanças. Segundo ele, os casos têm sido analisados pontualmente, embora a orientação à princípio seja no sentido de impedi-las.

“A regra geral é que o morador tem autonomia quanto a sua propriedade. Ele pode ir e vir livremente, mas o fluxo e a circulação de pessoas estão restritos. A orientação, então, é que não haja mudanças, mas um caso ou outro acaba sendo liberado”.

No geral, tanto Leandro Cruz quanto Gessi Rostirolla dizem que as pessoas que moram em condomínios têm aceitado bem as novas regras que acabaram impostas por conta da pandemia.

Um exemplo disso, segundo ele, é a proibição – em muitos conjuntos habitacionais – da entrada de entregadores. Desde que a pandemia teve início, a maioria dos moradores têm que ir até a portaria buscar seus itens.

(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

E para os síndicos que precisam lidar com os eventuais problemas que surjam por conta disso, a diretora do Secovi-MT orienta: em um momento de tanto estresse, o síndico tem que ser um órgão “apaziguador”.

“A conversa sempre é a melhor solução e é preciso tentar estabelecer regras comuns, que sejam aplicadas a todos, sem tomar partida de um dos lados. O síndico precisa demonstrar calma e demonstrar aos moradores que estamos em um momento difícil e que o bom sendo e a paciência devem andar conosco lado a lado”.

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