A crise sanitária provocada pelo novo coronavírus aumentou outro problema que os especialistas também chamam de pandemia: a obesidade infantil. Especialistas apontam que a má alimentação de crianças e adolescentes – aliada a falta de atividades físicas – tem sido determinante para o excesso de peso neste público.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 61% das famílias com crianças e adolescentes aumentaram o consumo de fast food e refrigerantes. Por outro lado, o consumo de frutas e verduras caiu.
“Nós podemos ter, até 2025, um milhão de crianças e jovens no Brasil com pressão arterial elevada, outros mais de 100 mil com diabetes tipo 2 na fase adulta e 12,5 milhões de crianças obesas”, alerta Cristina Albuquerque, representante da Unicef.
Do ponto de vista social, o problema é ainda maior. Em 13% das famílias, os menores de 18 anos tiveram problemas de acesso a alimentos por falta de dinheiro.
Para as famílias mais vulneráveis, das classes D e E, a perda de renda e o aumento no preço dos alimentos mais saudáveis agravaram a situação de insegurança alimentar.
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Merenda escolar
Na semana passada, a Câmara dos Deputados discutiu as políticas para amenizar esse problema na primeira infância. A merenda escolar foi um dos assuntos que pautou a discussão, já que 75% das compras feitas pelas escolas devem conter alimentos in natura.
Em 2018, uma pesquisa do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), revelou que 62,8% das creches brasileiras não apresentavam variedade alimentar adequada e 90,9% incluíam alimentos ultraprocessados três vezes por semana.
Foram analisados o cardápio de 2.443 creches. O levantamento deve ser repetido no segundo semestre de 2022.
“Muitas vezes as crianças se alimentam muito melhor dentro da escola, do que na sua própria casa. Então o acesso a uma comida saudável é fundamental para que a gente possa ter um país não só com um futuro cognitivo muito melhor, mas também com um futuro de um país com jovens e adultos com mais saúde”, observa a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).
(Com Agência Câmara)