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Ex-secretário de Fazenda diz que há deputados envolvidos em esquemas de Silval

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Ex-secretário de Fazenda diz que há deputados envolvidos em esquemas de Silval

Ednilson Aguiar/O Livre

Marcel de Cursi

Ex-secretário Marcel de Cursi

O ex-secretário de Fazenda Marcel De Cursi acusou os deputados Wagner Ramos (PSD), Romoaldo Júnior (PMDB), Mauro Savi (PSB) e Guilherme Maluf (PSDB), além da ex-deputada e prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB), de participação nos esquemas investigados na Operação Sodoma, ocorridos na gestão de Silval Barbosa no governo.

Segundo o ex-secretário, os nomes dos parlamentares, que possuem foro privilegiado, foram poupados pelos delatores do esquema. Em troca, ele foi acusado injustamente. Cursi diz ainda que há um relatório policial que cita os nomes dos deputados.

“Eu consigo perceber que muitos com prerrogativa de foro estão ficando de fora”, declarou, em depoimento à juíza Selma Arruda, da 7ª vara criminal, na tarde desta sexta-feira (28). Depois das declarações, Cursi foi liberado. Nem o Ministério Público, nem as defesas dos outros réus quiseram fazer perguntas.

“Os nomes [de pessoas com foro privilegiado] estão lá no processo. São valores significativos e eles não aparecem na denúncia. Para você fechar as contas, precisa colocar alguém em substituição”, observou.

Prerrogativa de foro

O ex-secretário começou o depoimento declarando que não teve participação nos desvios da compra do terreno do Jardim Liberdade, adquirido do governo do Estado por R$ 31 milhões. Metade do valor foi desviado pelo grupo de Silval e do ex-secretário Pedro Nadaf.

“A doutora Ana (Ana Cristina Bardusco, promotora) quebrou meu sigilo bancário desde 2008 e não tem um centavo desse negócio do Jardim Liberdade”, disse.

“Eu acho que tem um grave engano. O senhor Pedro Nadaf se retratou pela acusação que me fez de ter recebido propina. Em juízo, ele disse claramente que não me repassou nenhum valor. Esses R$ 700 mil que seriam para mim foram para a deputada Luciane Bezerra”, afirmou.

E acrescentou: “Nesse aspecto, eu só posso dizer que existia a estratégia de poupar o nome de pessoas que possuíam prerrogativa de foro. Aí eu fui incluído”.

Delações e ‘conclusões curiosas’

Durante o depoimento, o ex-secretário afirmou que chegou a “conclusões curiosas”. “O sr. Antônio (dono da área do Jardim Liberdade) fechou delação e ele deu uma garantia imobiliária. Quem oferece a garantia é o advogado dele, e o advogado é de um outro colaborador, do Pedro Nadaf”, declarou. 

Cursi observou que as acusações contra ele vêm de Nadaf, João Justino (ex-presidente da Metamat) e de Antônio Carvalho. “Eles têm relações econômicas entre si”, disse. Segundo esse raciocínio, isso gerou uma “história de cobertura”. 

“Essas pessoas foram presas na mesma ala e na mesma cela: Pedro Nadaf, Pedro Elias e Afonso Dalberto. Isso gera uma convergência.”

OUTRO LADO

O deputado Romoaldo Júnior afirma que fez um empréstimo com o empresário Valdir Piran e que, provavelmente, alguns dos cheques eram da SF Assessoria, empresa que teve o sigilo levantado na Sodoma. O deputado, contudo, afirma não ter identificado os emissores. Ele preferiu não especificar qual foi o fim do empréstimo e se limitou a dizer que “quando você está apurado você vai no banco”. Ainda segundo Romoaldo, os valores emprestados por Piran não precisaram ser declarados à Receita Federal pois o valor foi tomado em outubro de 2014 e quitado em dezembro do mesmo ano.

O deputado Guilherme Maluf não atendeu às ligações da reportagem. O celular do deputado Wagner Ramos estava desligado.

Nota

O deputado estadual Mauro Savi desconhece qualquer irregularidade e nega o envolvimento de forma ilícita no processo de desapropriação desta área, no bairro Jardim Liberdade, refutando o recebimento de valores citado pelo ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi.

Mauro Savi cita que as investigações não apontam seu envolvimento, pois, na ocupação de deputado não teria competência de realizar algum processo dentro do Executivo envolvendo pagamentos de recursos e desapropriação.

O parlamentar se coloca a disposição da justiça para qualquer esclarecimento.

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