O Estudo Índice de Risco Ecológico do WWF-Brasil divulgado nesta quinta-feira (3) afirma que 110 projetos para geração de energia, como pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras, ameaçam os rios da bacia do Alto Paraguai, que formam o Pantanal. Desses empreendimentos previstos, 40 já foram instalados, barrando cerca de 20 cursos d’água em Mato Grosso.

“Se todas as usinas planejadas forem instaladas, mais de 45 afluentes do rio Paraguai terão suas vazões alteradas, causando impactos ainda desconhecidos ao sistema hidrológico e à migração reprodutiva de peixes, que saem da planície e nadam em direção às cabeceiras na piracema”, explicou José Sabino, pesquisador da Uniderp e coordenador do Projeto Peixes de Bonito.

No total, o estudo aponta risco para 40% do planalto ao norte do Pantanal. Além da geração de energia, o documento cita ainda o desmatamento da região para implantação de pastagens e plantações, uso ineficiente e degradação de áreas agrícolas e pastagens, impactos causados por áreas urbanas e falta de saneamento básico como fatores de risco. Menos de 15% do esgoto é tratado e o índice médio de perda de água nos sistemas de distribuição é de 26%.

Segundo a organização não-governamental (ONG), a região do planalto pantaneiro concentra as fontes de água que fazem do Pantanal uma área úmida.  Portanto, só é possível conservar a planície alagável do Pantanal se essas “torres de água” forem preservadas.

“Estamos enfrentando um cenário alarmante. Menos de 1% do planalto pantaneiro é protegido por Unidades de Conservação (UCs) e 55% da área já foi desmatada. A conversão de vegetação do cerrado, na maioria das vezes, não seguiu critérios de segurança ambiental, como a manutenção de vegetação ripária e reservas legais. Somente em Mato Grosso, o déficit estimado de reserva legal é de 392 mil hectares”, disse o coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, Júlio César Sampaio.

A proposta de instalar uma hidrovia no rio Paraguai também é considerada como uma ameaça, pois necessita de dragagens e desobstrução de barreiras naturais. “É preciso considerar períodos críticos de funcionamento do Pantanal, como os períodos históricos de seca, que devem se intensificar com as mudanças climáticas. Além disso, precisamos entender bem como mudanças no fluxo e velocidade de água nos canais podem ter efeitos no pulso de inundação”, disse Fábio Roque, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), à assessoria da WWF.

Agropecuária

Outro problema apontado no estudo é o uso de técnicas inadequadas para criar gado e cultivar o solo da região, que trouxeram perda da biodiversidade, erosão e mudanças no regime hídrico do Pantanal e em sua dinâmica de inundação.

“A produção na região nem sempre usa as melhores práticas. Em áreas de pecuária, é frequente o sobrepastejo, causando a compactação dos solos e maiores taxas de escoamento superficial. É fundamental que sejam adotadas técnicas para manejo adequado do gado, evitando um número excessivo de animais por hectare, e que sejam aplicadas técnicas para diminuição e controle da erosão. Em áreas de cultivo agrícola, técnicas como terraceamento e plantio direto também devem ser expandidas, reduzindo o impacto do assoreamento nos ecossistemas aquáticos”, disse Iván Bergier, pesquisador da Embrapa Pantanal.

O estudo tem como foco a conservação dos recursos hídricos. O índice foi calculado pela primeira vez em 2012 e subsidiou ações como o projeto Pacto Pelas Cabeceiras do Pantanal. Participaram mais de 20 pesquisadores e técnicos dos quatro países da ecorregião.

(Com informações da assessoria)

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