Principal

Equipamento para grampos sumiu e pode estar operando “a todo vapor”, diz Perri

3 minutos de leitura
Equipamento para grampos sumiu e pode estar operando “a todo vapor”, diz Perri

Tribunal de Justiça

Orlando Perri desembargador

O desembargador Orlando Perri vê indícios de que o esquema de grampos ilegais em Mato Grosso possa estar funcionando até hoje. Um dos elementos usados pelo magistrado para chegar a essa conclusão é o relatório de informações fornecido pela operadora telefônica Claro e o sumiço do sistema Sentinela, utilizado por militares numa central de escutas montada no Centro de Cuiabá.

Na decisão em que mandou prender o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques, o desembargador diz que a Claro informou que vários números de celular utilizados para receber as ligações ilegalmente interceptadas funcionavam normalmente mesmo depois da denúncia apresentada pelo então Secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Mauro Zaque, em outubro de 2015.

Consta ainda que a maioria das linhas foi cancelada em 2016, mas um dos telefones usados para desvio estava ativo até 9 de maio de 2017 – dois dias antes de vir à tona o escândalo dos grampos.

‘A todo vapor’

O magistrado menciona também, mais de uma vez, que, até o momento, “o Sistema Sentinela [utilizado para prática dos grampos ilegais] até o momento não foi apreendido, havendo mesmo alta probabilidade de estar, em algum canto, operando “a pleno vapor”, uma vez que seu acesso é remoto.”

Reportagem do LIVRE mostrou que, em outubro de 2015, o equipamento foi retirado da ‘sala-cofre’ onde ficava armanezado a pedido do cabo Gerson Ferreira, que atuava na central montada pela PM. O sistema foi desenvolvido por uma empresa com ajuda de militares que conheciam o sistema ‘oficial’, o Guardião. A ideia era vender o Sentinela ao comando da PM por R$ 400 mil.

Participação

Orlando Perri afirma que não sabe ao certo a real participação de Paulo Taques no esquema de grampos ilegais. Porém, destaca que interesses do ex-secretário foram atendidos com os grampos.

“O que temos apurado é que o grupo criminoso trabalhou incisivamente em prol dos interesses de Paulo Taques, sobretudo no que tange à interceptação telefônica clandestina de pessoas que, de alguma forma, e em determinados momentos, possuíam algum interesse contrário ao seu”, escreveu.

Por meio de nota, Paulo Taques declarou que sua prisão era absurdamente desnecessária e arbitrária. Ele disse que jamais promoveu a realização de grampos ilegais, nem solicitou isso a ninguém.

O advogado foi preso por suspeita de envolvimento no esquema de grampos ilegais usando o método “barriga de aluguel”, em que números de telefones de cidadãos comuns, sem relação com a investigação, são inseridos em operações que interceptam organizações criminosas.

Entre os números estavam o da ex-amante do secretário, Tatiana Sangalli, da deputada estadual Janaina Riva (PMDB), do jornalista José Marcondes “Muvuca” e dos advogados José do Patrocínio e José Antonio Rosa. O esquema teria começado nas eleições de 2014 e continuado em 2015.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros




Como você se sentiu com essa matéria?
Indignado
0
Indignado
Indiferente
0
Indiferente
Feliz
0
Feliz
Surpreso
0
Surpreso
Triste
0
Triste
Inspirado
0
Inspirado

Principais Manchetes