Um plano de ação para agentes comunitários que – segundo seus criadores – poderia ajudar a controlar a disseminação do novo coronavírus está parado na Secretaria de Saúde Cuiabá há quase cinco meses.
O documento foi protocolado no dia 29 de janeiro junto ao Departamento de Atenção Primária e ao próprio gabinete do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Ele traz o número de agentes capacitados tecnicamente a fazer coletas de amostras e os bairros por onde eles podem começar a atuar.
Até agora, entretanto, nenhum aval foi dado para a aplicação do plano.
“São agentes estão capacitados desde 2015. Estão prontos para trabalhar, mas hoje estão no trabalho básico porque falta a autorização da Prefeitura para a compra dos instrumentos e dos equipamentos de proteção”, explica a presidente do sindicato que representa a categoria, Dinorá Magalhães Arcanjo.
O plano de ação foi apresentado antes da pandemia e coincide com a proposta de utilização dos agentes para coletar informações sobre a disseminação do contágio. Uma medida que poderia formar de banco de dados sobre a covid-19.
“A gente sabe onde estão os idosos, quem é hipertenso, quem tem diabetes e estamos cutucando a Prefeitura para que libere o trabalho do plano, porque ele é essencial nesse cenário de pandemia”, disse Dinorá.
Fonte ouvida pelo LIVRE disse que o plano já recebeu chancela da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e do Ministério da Saúde para ser colocado em prática.
Coleta
O documento propõe iniciar a coleta de informações por seis bairros, onde os 70 técnicos capacitados há quatro anos moram: São João Del Rei, Nova Esperança, Pedra 90, Jardim Vitória, Tijucal e Novo Terceiro.
Eles fariam a verificação da pressão arterial, medicação de glicose e temperatura corporal dos moradores. O trabalho relacionado ao contágio entraria na lista na averiguação de pessoas já infectadas.
Mas os profissionais ainda não receberam sequer o material para proteção individual (luvas, álcool em gel e máscaras).
Conforme Márcia Castro, pesquisadora brasileira na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, os agentes comunitários poderiam ser usados como “detetives covid” para rastrear os contatos de pessoas que já contraíram o vírus ou estão internados com sintomas suspeitos.
Esse trabalho é associado por ela à criação de políticas específicas voltadas para públicos-alvo e à oferta de leitos de enfermagem e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Segundo ela, a medida reduziria a demanda por internações e o controle de circulação de pessoas.
O que diz a Prefeitura de Cuiabá?
A reportagem do LIVRE procurou a Secretaria de Saúde de Cuiabá para comentar o assunto, mas não houve retorno até o momento da publicação desta matéria.
O espaço permanece aberto para manifestação.