Os administradores dos hospitais particulares trabalham sob a sombra de um possível desabastecimentos de insumos para o tratamento da covid-19. Um cenário gerado pela valor dos produtos – até 900% mais caros em comparação ao período antes da pandemia – e a necessidade de importação, já que as indústrias nacionais não estão dando conta nem de atender sequer as unidades públicas.
Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) mostram que, dos 99 afiliados da entidade no país, 75% só têm estoque por mais cinco dias. Entre os produtos pesquisados estão oxigênio, anestésicos e medicamentos para intubação – o chamado “kit intubação”.
Considerando os locais onde os estabelecimentos estão, a associação apurou que Cuiabá está entre as cidades em que o estoque de anestésico e o “kit intubação” são suficientes para atender os pacientes por 5 dias ou menos.
Junto com a capital mato-grossense, estão na lista as cidades de Atibaia (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Bento Gonçalves (RS), Blumenau (SC), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Cariacica (ES), Ipatinga (MG), Joao Pessoa (PB) e Niterói (RJ), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Serra (ES).
Vale lembram que apenas 17% das unidades entrevistas possuem todos os itens necessários em quantidade suficiente para mais de duas semanas.
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Dificuldades da aquisição
A iniciativa privada tem dificuldades em concorrer com o governo na compra de produtos em território nacional e resta a ela disputar os materiais que sobram das compras do poder público.
Quando entram no mercado internacional, os obstáculos são outros como os trâmites burocráticos que envolvem a questão e a demanda em outros países, que também é alta.
Em Mato Grosso, o Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Mato Grosso (Sindessmat) criou um consórcio entre os estabelecimentos privados para fazer a importação dos produtos.
Como a modalidade de compra internacional era algo novo, foi necessário se investir em consultores especializados para se conseguir todas as documentações necessárias.
De acordo com o sindicato, alguns decretos da Vigilância Sanitária facilitaram o processo de importação, como a simplificação de questões burocráticas e a redução do tempo de quarentena dos produtos, que eram de 14 dias e passaram para 7.
Mas, mesmo assim, a situação ainda é complicada por causa da escassez de oferta, o que faz os estabelecimentos trabalharem no limite, sem que haja qualquer outra contribuição do governo para os estabelecimentos manterem as portas abertas.
Contudo, o sindicato assegura que a falta de medicamentos estão sendo monitorada e ainda não foi registada no Estado.