Dois dias após órgãos públicos anunciarem que fechariam as portas, o fluxo de veículos diminuiu visivelmente no Centro de Cuiabá. Nesta quarta-feira (18), só o número de ônibus circulando permanecia igual, mas a quantidade de passageiro teve baixa. Quem saiu de casa, se disse receoso. O medo é do novo coranavírus.
Patrícia Moraes, que auxilia os passageiros na Estação Bispo notou a diminuição.
“O fluxo não está normal, diminuiu bastante. Alguns já estão descendo aqui com máscara. Acho que é o medo”, arrisca.
Dentro de um dos ônibus que vai para a região central da cidade, se escuta o argumento quase em uníssono: “quem precisa trabalhar, tem que sair de casa”.
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Aldinei João da Silva, 45, vende café e quitutes na praça da estação de segunda a sexta-feira. Nesta quarta, segundo ele, a circulação de passageiros – e consequentemente de clientes – foi drasticamente menor que o normal.
Por volta de 7h15, boa parte dos produtos ainda não haviam sido vendidos. Em dias normais, no mesmo horário, os francisquitos e biscoitos de polvilho já teriam esgotado.
Sem um “plano B”, Aldinei diz contar com a ajuda divina. “Só por Deus mesmo. Não tem como ficar em casa, preciso trabalhar, porque conta não para de chegar”.
Maria Penha, 51, se preparava para entrar na estação e pegar um dos coletivos. Ela deixava o plantão do trabalho na Santa Casa e seguia para realizar exames.
Com sintomas de gripe, a prestadora de serviços gerais, decidiu sair na rua de máscara.
Ela diz pensar nos netos que cria em casa. “É bom para prevenir por causa das crianças. A gente tem medo”. Mas após os exames, sem muita alternativa, ela seguiria para outro trabalho.
Na Praça Ipiranga, a estação de ônibus também não estava com o fluxo habitual.
A vendedora de passes do transporte coletivo não sabe precisar a queda na movimentação de passageiros, mas afirma que o número “diminuiu bastante”.
Fluxo de pedestres
O trânsito de pedestre na praça também reduziu. Quem aponta é a varredora de rua Maria da Luz, 66. Ela cumpre a jornada de trabalho das 6h às 15h. Sem nenhuma proteção, diz que não está intimidada pelo vírus.
Um pouco mais a frente, na Praça Maria Taquara, Lídia Gomes, 32, desembarca da linha 730 com o filho. Os dois saíram de casa com máscaras.
“A gente entra nos ônibus, toca nas barras de segurança, na cordinha para avisar da parada. Outras pessoas fazem isso também e a gente não sabe o que elas têm, de onde vêm”, argumenta.
O problema é que, segundo a autônoma, não há outra alternativa para ela e moradores que dependem do transporte público. “A gente tem que sair de casa e só tem o ônibus mesmo”.
Medidas da MTU
A Associação Mato-grossense dos Transportadores Urbanos (MTU) divulgou medidas a serem adotadas no transporte público coletivo de Cuiabá e Várzea Grande. A ideia é minimizar os riscos à saúde de passageiros e de profissionais.
Aos passageiros é recomendado que:
- Idosos devem evitem os horários de pico nos transportes públicos;
- Nos ônibus sem ar condicionado, mantenha as janelas abertas para uma melhor circulação do ar, quando for possível;
- Lave sempre as mãos com sabão até a metade do antebraço, esfregando também as partes internas das unhas;
- Quando não for possível lavar as mãos limpe-as com álccol em gel 70% INPM;
- Evite cumprimentar com beijos, apertos de mãos e abraços;
- Evite tocar nas áreas do rosto (principalmente nariz, olhos e boca) antes de higienizar as mãos;
- Quando tossir ou espirrar, proteja a boca na parte interna do antebraço;
- Utilize lenços descartáveis quando estiver com nariz escorrendo;
- Evite sair de casa caso apresente sintomas de gripe ou similar;
Aos funcionários a recomendação é que:
- Nos ônibus com ar condicionado, utilize o sistema no modo de ventilação aberto, de forma a trocar o ar com o exterior;
- Nos ônibus sem ar condicionado, mantenha as janelas abertas para uma melhor circulação do ar, quando for possível;
- Reforçar a limpeza diária interna dos veículos, a desinfecção e limpeza de balaústres e pega-mãos.