Judiciário

Cel. Sales começa a ser julgado em júri popular por morte de detento em 1996

Ministério Público diz que o então comandante do 3º Batalhão da PM teria participado "do sumiço" de Cláudio Andrade

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Cel. Sales começa a ser julgado em júri popular por morte de detento em 1996
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

O secretário de Ordem Pública de Cuiabá, coronel Leovaldo Emanoel Sales da Silva, começou a ser julgado hoje (6) em júri popular pela morte do detento Cláudio Andrade Gonçalves, em 1996.

A acusação é que o coronel Sales, na época comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, teria participado do assassinato do detento após a recaptura dele de fuga.

Rebelião

O Ministério Público de Mato Grosso (MPE) diz que em dezembro de 1996 50 presos fugiram do antigo presídio do Carumbé, em Cuiabá durante uma rebelião. Quinze foram recapturados horas mais tarde, e Cláudio Andrade Gonçalves estava dentre eles. Porém, ele sumiu após ficar sob força policial novamente.

O 3º Batalhão da PM participou da ação de recaptura por estar próximo do presídio. O coronel Sales, hoje parte da reserva militar, passou a ser envolvido após uma declaração um repórter sobre o sumiço de Cláudio Andrade.

Ao ser questionado sobre o detento, Sales teria tido que ele tinha “virado anjo”.

Depoimento

No depoimento que deu hoje em júri, o coronel Sales confirmou que foi convocado para ajudar na recaptura dos 50 fugitivos. Quando o batalhão entrou no trabalho, alguns já tinham sido presos novamente por policiais de outras unidades.

O coronel Sales disse que decidiu não colocar os recapturados de volta no presídio do Carumbé por causa do risco de assassinato por outros detentos.

“O preso que tenta uma fuga e é recapturado recebe uma sentença de morte [no presídio], por isso que, quando recebemos estes dois presos, a decisão foi de não os recolher para o presídio”, afirmou.

Um dos presos recebidos pelo 3º Batalhão da Polícia seria Cláudio Andrade Gonçalves. O coronel Sales disse que “nunca tinha ouvido falar” do detento até o momento, mas percebeu que ele reclamava de dores.

“Eu nunca tinha ouvido falar nesse tal de Cláudio, não o conhecia, não sabia seu nome, sabia que aparentemente ele estava ferido e necessitava de socorro”, afirmou.

Declaração

A fala a uma repórter teria dada de maneira informal, alguns dias após a fuga. O coronel diz que a frase foi tirada de contexto, o que teria permitido a exploração pelo viés de sarcasmo.

“Dois ou três dias após a ocorrência, uma repórter veio ao 3º batalhão, numa conversa completamente fora de um contexto de entrevista”, disse.

Sales teria dito que Cláudio Andrade Gonçalves tinha “virado anjo” nesse contexto. “Não falei essa frase no sentido de debochar da condição do preso, que, no momento, eu já conhecia sua ficha pregressa, sabia que era um contumaz furtador, um ladrão, mas ainda assim, no contexto da frase não tive essa intenção de discriminar”, afirmou hoje.

Na denúncia, o Ministério Público pede a condenação do coronel Sales, do capitão Mariano Cassiano de Camargo, do sargento Ângelo Cassiano de Camargo e dos soldados Douglas Moura Lopes e José Luiz Vallejo Torres.

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